Cinelândia Hoje
O tempo passa mas as luzes da Cinelândia insistem em se manter acesas. Babel onde convivem todos os tipos de gente, das mais diversas raças, dos mais diversos credos. Ideologias de vidas que se misturam. Seja nas vozes rebeldes da política, nas bem-humoradas propagandas dos camelôs ou mesmo no canto dos foliões do Bola Preta, eterno quartel-general do carnaval.
É verdade, os letreiros do cinema não brilham como antes. Alguns se tornaram igrejas evangélicas, resgatando a antiga tradição religiosa do local. Mas o Odeon e o Palácio ainda resistem, eternizando a magia que a grande tela despertava no local. |
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A Cinelândia hoje |
Dos prédios projetados por Francisco Serrador, dois deles foram demolidos. Em seu lugar, dois prédios modernos descaracterizaram a paisagem original, outrora tão bela e harmoniosa.
O chope gelado, as grandes peças teatrais, as exposições, a fé das igrejas, as manifestações políticas, as novidades dos cinemas, o carnaval do Bola Preta, o show dos artistas populares e eruditos, seja na rua ou nos palcos. O trânsito caótico que desaparece quando entramos nas silenciosas salas da maior biblioteca latino-americana. A cidade que ainda vive a noite e o dia, que desfruta a alegria sem esquecer de discutir os problemas do cotidiano.
Tudo isso só poderia coexistir
na Cinelândia. Misturas concretas: boêmios anônimos, políticos famosos e
artistas consagrados. Misturas abstratas: símbolos, significados e conceitos
múltiplos. A Cinelândia, ainda hoje, é o microcosmo do caldeirão cultural
brasileiro.
Teatro Municipal - Praça Marechal Floriano, s/nº
Tel.: 2220-3648
Inaugurado em 14 de julho de 1909, o imponente Teatro Municipal do Rio de Janeiro é considerado a segunda principal casa de espetáculos da América do Sul, logo após o Colón, de Buenos Aires. |
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Projetado por Francisco de Oliveira Passos, tem sua arquitetura inspirada na Ópera de Paris, construída por Charles Garnier. O material usado na construção foi importado da Europa: mármores, ônix, bronze, cristais, espelhos, mosaicos, vitrais, maquinaria de palco etc. As pinturas e esculturas foram criadas por artistas brasileiros, como Rodolfo Amoedo, Eliseu Visconti e Rodolfo Bernardelli. Criado na década de 30, o corpo de ballet do teatro é um dos principais do país na atualidade.
Embora ainda ostente o nome de "Teatro Municipal", é administrado, desde a fusão dos antigos estados do Rio e da Guanabara, pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, ligado diretamente à Secretaria de Cultura. Hoje, constitui-se em fundação, permitindo receber auxílio de empresários e associações dispostas a contribuir com o sucesso desse grande símbolo da cidade e do País.
Na programação atual do teatro, grandes companhias nacionais e estrangeiras. Existem programações populares, com preços acessíveis, para que o povo tenha condições de desfrutar das maravilhas culturais que sua cidade oferece.
É possível, também, fazer visitas ao prédio. Guias poliglotas estão à disposição dos visitantes.
Museu Nacional de Belas Artes - Av. Rio Branco, 199 - Tel.: 2240-0068
Funcionamento: - Ter-Sex, 10 às 18h - Sáb-Dom, 14 às 18h.
Criado em 1937, o prédio renascentista, projetado por Adolfo Morales de Los Rios, inspirado na ala Visconti do Museu do Louvre, de Paris, foi inicialmente ocupado pela Escola Nacional de Belas Artes. |
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Em seu acervo de 14 mil obras encontram-se relíquias da arte brasileira de todas as épocas, além de peças e pinturas de artistas estrangeiros. Entre suas maiores preciosidades, estão quadros de Pedro Américo, Vítor Meirelles, Portinari, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Lasar Segall, Debret, Picasso e Rodin.
Possui também coleções
artísticas de diversas regiões do país, coleções de imagens e medalhas, arte
africana e salas para exposições temporárias, que já receberam alguns dos
principais ícones culturais da Humanidade.
Biblioteca Nacional - Av.
Rio Branco, 219 - Tel.: 2262-8255
Funcionamento: Segunda a Sexta - 09:00 a 22:00; Sábado 09:00 a 15:00
Maior biblioteca da América Latina, e oitava maior do mundo, o riquíssimo acervo da Biblioteca Nacional tem como origem a Real Biblioteca, trazida por D. João VI durante a transmigração da Corte, em 1808. O acervo primitivo era composto de 60 mil peças, entre livros, manuscritos, estampas, mapas, moedas e medalhas. |
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Instalada primeiramente na Ordem Terceira do Carmo, em frente ao Paço Imperial, sua fundação ocorreu em 29 de outubro de 1810. O prédio atual, construído na primeira década do século XX, é um projeto do general-arquiteto Souza Aguiar. Em estilo neoclássico, tem escadaria e colunas de mármore. No hall principal, um busto de D. João VI lembra a origem da biblioteca.
Entre as publicações mais
raras, estão dois exemplares da Bíblia de Mogúncia, impressos em 1642, e uma
edição de 1572 de "Os Lusíadas", de Camões. A biblioteca possuiu, entre outras
coisas, salas de leituras, acervo de periódicos microfilmados e riquíssimo
iconográfico, além de espaço para exposições temporárias. Praticamente, tudo o
que foi produzido pela inteligência brasileira encontra-se hoje na Biblioteca
Nacional.
Centro Cultural da Justiça -
Avenida Rio Branco, 241 - Tel.: 2510-8848/2510-8846
Funcionamento: Terça a Domingo - das 12 às 19h
Inspirado numa igreja parisiense, Adolfo Morales de Los Rios projetou o edifício para ser o Palácio Arquiepiscopal da cidade. Contudo, o clero preferiu se instalar na Glória, e a bela construção acabou sendo utilizada como sede do Superior Tribunal Federal, que lá permaneceu até a transferência da capital para Brasília, em 1960. |
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Recentemente, o edifício foi totalmente reformado, naquela que é considerada por muitos especialistas como a maior obra de restauração da América Latina. Desde a sua reinauguração, no ano 2000, o prédio é um grande centro cultural, o Centro Cultural da Justiça, que veio completar o corredor cultural da Cinelândia.
Constituído de 4 pavimentos e
um andar subterrâneo, o prédio é dotado de 9 salas de exposições, um teatro de
150 lugares, um cinema, biblioteca, salão de leitura, restaurante, livraria
jurídica e uma lojinha de souvenir. A sala de sessões, com 300 m2, possui uma
rica decoração, onde se destacam seus vitrais e o painel do teto, de autoria do
pintor Rodolfo Amoedo, que representa a justiça. No futuro, esta sala se
transformará num pequeno museu.
Palácio Pedro Ernesto - Praça Floriano, s/nº - Tel.: 3814-2121
Sede da Câmara de Vereadores da cidade do Rio de Janeiro, o palácio Pedro Ernesto é conhecido pelo imaginário popular, ironicamente, por "Gaiola de Ouro". Foi construído em 1922, no mesmo local onde ficava a antiga sede da câmara, incendiada na década de 10. |
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De estilo neoclássico, o palácio possui um riquíssimo acervo artístico, destacando-se as obras de Antônio Pereira, Rodolfo Amoedo e Eliseu Visconti. Em frente ao portão principal, está um busto do prefeito Pedro Ernesto, um dos principais vereadores da história da câmara carioca, que hoje dá nome ao prédio, um dos orgulhos da arquitetura da cidade.
Da sacada voltada para a
Cinelândia, foram comandadas manifestações políticas que foram decisivas para a
vida brasileira.
Cine Odeon - Praça Mahatma Gandhi, 2 - Tel.: 2262-5089
Inaugurado em 3 de abril de 1926, o Odeon foi o último dos quatro primeiros cinemas do "Quarteirão
Serrador". O Cine Odeon tem duas salas de exibição recentemente reformadas. |
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Bar Amarelinho - Praça Marechal Floriano, 55 - Tel.: 2240-8434
Tradicional ponto de encontro do Centro da cidade, o Amarelinho é o maior símbolo da vocação boêmia da Cinelândia. Situado sob um prédio todo amarelo recentemente reformado, tem um dos chopes mais famosos da cidade .
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Cinema Palácio - Rua do Passeio, 38/40 - Tel.: 2529-4848
Com duas salas de exposição, o Palácio, assim como o Odeon, é um dos poucos remanescentes do passado glorioso da Cinelândia.
Cinema Pathé - Praça Marechal Floriano
O Pathé era um dos mais
luxuosos e importantes cinemas da Cinelândia, com sua decoração em mármore de
Carrara, baixos-relevos e mosaicos africanos. Hoje é uma igreja evangélica.
Cordão do Bola Preta - Av. Treze de Maio, 13/ 3º andar - Tel.: 2240-809
O Cordão do Bola Preta é uma das mais tradicionais entidades carnavalescas da cidade. Chamado de quartel-general do carnaval, sua sede, desde 1950, fica no edifício Municipal, na esquina da Avenida Treze de Maio com Rua Evaristo da Veiga, ao lado do Teatro Municipal.
Durante o carnaval, o cordão
toma conta das ruas da cidade nas manhãs de sábado de carnaval, arrastando uma
multidão de fiéis foliões.
Bar Vermelhinho - Praça Floriano, 55 Lj A - Tel.: 2240-6184
Ao lado do Amarelinho, foi
um conhecido ponto de encontro de jovens que lutavam contra a ditadura. Mistura
em sua história as vocações políticas e boêmias da Cinelândia.
Teatro Rival - Rua Álvaro Alvim, 33 - Tel.: 2532-4192
Inaugurado em 1934, o Teatro
Rival é um dos principais centros de resistência cultural da cidade do Rio de
Janeiro. Recebe anualmente um público estimado em 120.000 pessoas.
Praça Mahatma Gandhi - Atualmente, a praça está cercada por tapumes. A Prefeitura constrói uma garagem subterrânea, que ajudará nos projetos de revitalização da região.
Recentemente, aventou a
possibilidade de reconstruir o saudoso Palácio Monroe.
Créditos:
Equipe Portelaweb
Pesquisa e textos: Fábio Pavão
Revisão: Fabrício Soares
Agradecimentos especiais a Luiz Carlos da Silva
Referências Bibliográficas:
CABRAL, Sérgio.
As escolas de samba do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Ed. Lumiar, 1996.
COARACY, Vivaldo
Memórias da cidade do Rio de Janeiro; Belo Horizonte: Itatiaia Ed. 1988
CRULS, Gastão
Aparência do Rio de Janeiro: noção histórica e descritiva da cidade; Rio de Janeiro; Livraria José Olympio Editores, 1949.
GERSON, Brasil
História das ruas das Ruas do Rio: e da sua liderença na história política do Brasil / Brasil Gerson; Notas, introdução, fixação do texto, Alexei Bueno. -5.ed.-Rio de Janeiro: Lacerda Ed.,2000
MÁXIMO, João
Cinelândia: Breve história de um sonho; Rio de Janeiro: Salamandra., 1997.
Referências pela Internet:
www.acphoto.hpg.ig.com.br/Rioantigo
Visite esses sites e conheça um pouco mais sobre a história da cidade do Rio de Janeiro