Hist�rico - parte II
Os primeiros anos
Pra�a XI - Palco dos primeiros carnavais vencidos pela Portela
Em 1923, tentando rivalizar com o grupo de dona Esther, alguns jovens, sob a lideran�a de Galdino, resolveram fundar outro bloco na regi�o, o "Baianinhas de Oswaldo Cruz", que n�o demoraria muito a se dissolver devido a uma briga interna. Ap�s o desentendimento, parte dos integrantes do "Baianinhas de Oswaldo Cruz" funda outra agremia��o carnavalesca, o "Conjunto Carnavalesco de Oswaldo Cruz", que tinha como l�deres Paulo Benjamim de Oliveira (o Paulo da Portela), Ant�nio Caetano e Ant�nio Rufino, tr�s homens que se completavam em suas m�ltiplas fun��es.
Segundo Amaury J�rio e Hiram Ara�jo, em "Escola de samba: vida, paix�o e sorte", os sambistas que fundaram a Deixa Falar - considerada por unanimidade, inclusive pelo pessoal da Portela, a primeira escola de samba do Brasil - queriam organizar um bloco pac�fico, sem brigas ou arrua�as como era caracter�stica dos blocos de ent�o. Assim sendo, inspiraram-se no bloco formado pelo pessoal do "Oswaldo Cruz", que brincava o carnaval com paz e alegria, tendo em Paulo uma lideran�a incontest�vel. Por meio disso, podemos concluir que a Portela n�o foi a primeira escola de samba, foi mais do que isso; serviu de fonte de inspira��o para a primeira escola, exemplo para a Deixa Falar, que faria escola inclusive na pr�pria Portela.
Busto de Paulo da Portela |
No final da d�cada de 20, o grupo receberia um grande refor�o de fora: Heitor dos Prazeres, amigo do presidente Paulo Benjamim de Oliveira (foto). Com um samba do pr�prio Heitor, o "Conjunto Carnavalesco de Oswaldo Cruz" se sagraria vencedor da primeira disputa entre os principais redutos de samba, ocorrida em 20 de janeiro de 1929. Estiveram presentes sambistas de Oswaldo Cruz, Mangueira e Est�cio.
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A vit�ria trouxe, al�m de uma grande felicidade, muitos problemas para o conjunto carnavalesco. Heitor dos Prazeres, um "estrangeiro", ganhou mais prest�gio dentro do grupo. Tanto que por sugest�o sua o bloco passou a se chamar "Quem nos faz � o capricho" e ganhou sua primeira bandeira, tamb�m idealizada por Heitor, j� para o carnaval de 1929. Todas as modifica��es de Heitor tiveram total consentimento de Paulo, uma vez que, devido a sua crescente fama no centro da cidade, Heitor dos Prazeres ajudava a divulgar o nome da escola.
Em 1930, j� com Heitor afastado devido a um desentendimento com Manuel Bam-Bam-Bam e Ant�nio Rufino, o grupo desfilou pelas ruas do sub�rbio e da Pra�a XI. Em 1931, a escola superou uma s�rie de dificuldades para poder desfilar. Isto fez com que os sambistas da estrada do Portela mudassem o nome do bloco para "Vai Como Pode". Com esse nome, a futura Portela come�ou a aparecer nos poucos jornais que cobriam os primeiros desfiles de escolas de samba, fato este que faz com que, de todos os nomes anteriores da Portela, esse seja o mais lembrado.
Tamb�m em 1931, Ant�nio Caetano desenharia a primeira bandeira da escola. Segundo depoimento para as autoras Lygia Santos e Mar�lia T. Barboza da Silva, em "Paulo da Portela: tra�o de uni�o entre duas culturas", Caetano, desenhista da Marinha, declarou ter pensado no sol nascente e no valente povo da ilha japonesa. Instituiu as cores azul e branco em homenagem ao manto de Nossa Senhora da Concei��o, padroeira da escola desde a funda��o, e como s�mbolo a �guia, por ser a ave que voa mais alto. Para Candeia, Caetano teria desenhado na verdade um Condor, ciente de ser esta na verdade a ave que al�a v�os mais altos na natureza. Provavelmente, todos interpretaram o s�mbolo como uma �guia, fazendo com que Caetano n�o tivesse outra sa�da sen�o a de concordar com que a �guia "assumisse o posto" de s�mbolo m�ximo do grupo. Surgia assim o s�mbolo mais importante e aguardado do carnaval carioca.
Ant�nio Caetano tamb�m entraria para a hist�ria como o primeiro carnavalesco do Carnaval carioca. Foram de sua autoria os primeiros enredos que a Portela levou para o desfile. De suas m�os surgiu a primeira alegoria de uma escola de samba: um r�stico globo terrestre no enredo "O samba dominando o mundo", na grande vit�ria da ainda "Vai Como Pode" no desfile que entrou para a hist�ria como o primeiro desfile oficial, em 1935. Ainda nesse ano, os sambistas de Oswaldo Cruz enfrentaram um impasse na hora de renovar a licen�a para os desfiles. O delegado Dulc�dio Gon�alves n�o |
Estrada do Portela - Altura do n�mero 440 Aqui nasceu a Portela |
gostava do nome "Vai Como Pode" e s� renovaria a licen�a se o nome fosse trocado. Ap�s uma longa discuss�o entre Paulo da Portela e seus amigos, o pr�prio delegado sugeriu o nome que atravessaria fronteiras e entraria definitivamente para a hist�ria da arte e da cultura do Brasil: GR�MIO RECREATIVO ESCOLA DE SAMBA PORTELA, em uma homenagem � rua onde ficava a sede do grupo.
Entre as contribui��es da Portela para o carnaval carioca neste per�odo, al�m da primeira alegoria, merecem destaque a caixa-surda, o reco-reco, a comiss�o de frente uniformizada, a corda para separar os desfilantes da plat�ia, o destaque e at� o apito da bateria. Segundo muitos estudiosos, o primeiro samba-enredo foi "Teste ao samba", de autoria de Paulo da Portela, que fez o papel de professor distribuindo diploma aos componentes da escola fantasiados de alunos, em frente � comiss�o julgadora. Um espet�culo que empolgou a Pra�a XI e est� seguramente entre os maiores desfiles de todos os tempos.
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