Hist�rico
Quando as escolas surgiram, existiam os famosos mestres-de-canto. Donos de potentes vozes, os mestres-de-canto eram respons�veis pelos improvisos na segunda parte do samba. Isso era poss�vel porque os sambas, nos �ureos tempos da antiga Pra�a XI, n�o possu�am segunda parte. As pastoras cantavam em coro o refr�o, ou primeira parte, e os mestres improvisavam a segunda.
Com a segunda parte j� definida, as pastoras passaram a cantar o samba ao longo de toda a avenida, posicionando-se pr�ximas � comiss�o julgadora. Os mestres-de-canto, mesmo sem improvisar, tinham a responsabilidade de guiar o coro da escola. Enquanto as agremia��es eram formadas por pequenos grupos, a tarefa at� n�o era t�o dif�cil, mas os problemas come�aram a acontecer quando as escolas se agigantaram, ultrapassaram os mil componentes e passavam horas desfilando. Nem os prec�rios sistemas de som ajudavam a segurar a harmonia, ou seja, o canto un�ssono dos componentes. |
De fato, "atravessar o samba" foi durante muito tempo o fantasma que mais atormentou as escolas.
Manter o canto �nico dos componentes ao longo da pista, evidentemente, n�o era responsabilidade
apenas do int�rprete, mas tamb�m da dire��o de harmonia. V�rias tentativas foram utilizadas para
solucionar esse problema, como a utiliza��o de r�dios por toda a extens�o da avenida, por exemplo.
Nenhuma, entretanto, teve resultado. A pr�pria diferen�a entre o tom do samba cantado na avenida e o tom diferente gravado por um artista famoso antes do carnaval era o suficiente para estragar um desfile preparado nos mais minuciosos detalhes.
� medida que os amplificadores foram chegando ao mercado brasileiro, ainda no in�cio da d�cada
de 60, come�aram a ser incorporados pelas escolas. Usavam-se torres tubulares com cornetas no alto, de forma que a voz guia pudesse ser ouvida por toda a extens�o da pista. O primeiro carro de som apareceria ainda em 1964.
O sistema de som na avenida apareceu pela primeira vez em 1970, mas as escolas n�o o utilizaram, pois isso aumentava ainda mais a possibilidade de o samba atravessar. Em 1973, a Portela chegou ao ponto de contratar uma emissora de r�dio para trasmitir o samba durante o desfile, distribuindo aparelhos aos respons�veis pela harmonia. N�o funcionou.
Aos poucos as coisas foram se acertando. Em 1976 aparece o primeiro caminh�o de som, trazido pela Beija-Flor. Em 1978 o caminh�o j� era da Riotur, embora as escolas continuassem afirmando que a iniciativa fazia o samba atravessar. Em 1985, o carro de som foi sincronizado com as caixas espalhadas pela avenida, e em 1988 entram em opera��o os delays, aparelhos que programavam os atrasos e adiamentos do som.
Hoje, com o potente e moderno sistema de som do Samb�dromo, esse fantasma foi finalmente
exorcizado. A potente voz dos int�rpretes � ouvida por todos os componentes, e em qualquer ponto da avenida. O int�rprete principal e sua equipe, formada por 4 ou 5 cantores auxiliares, desfilam no carro de som, que segue pr�ximo � bateria, o cora��o da escola. Utilizando-se dos microfones da avenida, precisam ter f�lego para segurar a escola at� o momento em que o �ltimo componente deixar a pista de desfile.
Se f�lego e voz s�o importantes para o desempenho de um bom int�rprete, n�o s�o os �nicos
requisitos indispens�veis para esses especialistas. O int�rprete precisa saber o ritmo e a tonalidade
adequados. Para marcar o ritmo, os int�rpretes contam com o aux�lio do cavaquinista, fiel
companheiro do carro de som, e do surdo de marca��o.
Os int�rpretes tamb�m s�o popularmente conhecidos por "puxadores", por terem a tarefa de "puxarem" o samba. Grandes nomes entraram para a hist�ria do carnaval carioca, muitos deles da Portela. Mas n�o podemos falar dos grandes int�rpretes sem mencionar mestre Jamel�o, por mais de 50 anos primeiro puxador da Esta��o Primeira de Mangueira.
Jamel�o � uma das figuras mais importantes do carnaval carioca e da M�sica brasileira de uma
maneira geral. Mestre de todos os int�rpretes, das vozes de todas as escolas. Um mito que une o
carnaval rom�ntico com o carnaval moderno.
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Proibida a reprodu��o total ou parcial sem os devidos cr�ditos ou autoriza��o do autor
Equipe Portela Web - 2001
Pesquisa e cria��o de texto: F�bio Pav�o
Revis�o ortogr�fica: Fabr�cio Soares
Bibliografia:
ARAUJO, Hiram. Carnaval - Seis mil�nios de hist�ria. Rio de Janeiro. Gryphus. 2000
CANDEIA FILHO, Ant�nio & ARA�JO, Isnard. Escola de samba - �rvore que esqueceu a raiz. Rio de Janeiro, Ed. Lidador, 1978.