Hist�rico 

  Uma das fun��es de maior import�ncia e destaque em um desfile de escola de samba � o casal de mestre-sala e porta-bandeira. 

  Sabe-se que essa tradi��o foi herdada dos antigos ranchos, que possu�am os famosos balizas e
porta-estandartes, encarregados de defenderem o s�mbolo da associa��o. Nas primeiras escolas, que muitas influ�ncias receberam das manifesta��es populares que as antecederam, como os ranchos, grandes sociedades, cord�es etc., a dan�a dos balizas evoluiu para o gingado �mpar dos mestres-salas, e os rodopios das porta-estandartes se transformaram no gracioso bailar das porta-bandeiras. 

 

  Mas como essa tradi��o se formou nos antigos ranchos? Muitos estudiosos e pesquisadores chegaram �s mais diversas respostas. Estudar as transforma��es dos elementos da cultura popular � sempre uma tarefa �rdua e complexa. 

  Hiram Ara�jo, em "Carnaval, seis mil�nios de hist�ria", apresenta-nos alguns dos estudos que procuraram buscar a origem da dan�a. Segundo Ilclemar Nunes, em "Mestre-sala e Porta-bandeira, meneios e mesuras", as origens da dan�a remontam ao ritual das meninas-mo�as africanas, que se preparavam para o casamento, e dos rapazes-guerreiros, que as cortejavam dan�ando. Outras pesquisas apontam que a origem se encontra no Brasil Col�nia, nas festas populares ou no sepultamento de negros importantes. Nessas ocasi�es especiais, as tribos africanas eram identificadas por panos coloridos presos na ponta de paus, formando uma esp�cie de bandeira. 

  A figura dos antigos balizas se tornou importante para defender as antigas porta-estandartes. Era comum o "roubo" do s�mbolo m�ximo do grupo por membros de outras associa��es. Alguns buscam a origem da dan�a dos mestres-salas no gingado dos capoeiras, escondendo em seus tradicionais leques uma afiada navalha, para auxiliar na prote��o do pavilh�o, que n�o poderia ser violado sob hip�tese alguma. 

  Tamb�m por motivos de seguran�a, no in�cio do s�culo cabia aos homens carregar os estandartes dos ranchos, com um comportamento semelhante ao dos guardas de honra militares. Talvez por isso, os pesquisadores apontam que, curiosamente, a primeira porta-bandeira das escolas de samba foi, na verdade, um homem. Tudo indica que o pioneirismo coube a Ubaldo, da Portela. 

  Se pode parecer estranho que muitas das primeiras porta-bandeiras tenham sido homens, o que podemos dizer quando J. Efeg�, considerado o maior cronista de todos os tempos do carnaval carioca, e Hiram Ara�jo, maior autoridade sobre hist�ria das escolas de samba, destacam que um dos mais famosos mestres-salas, ou balizas, dos antigos ranchos chamava-se Maria Adamastor? Isso mesmo, uma mulher. 

  Quando os primeiros concursos de escolas de samba come�aram, por�m, homens e mulheres j� tinham seus lugares bem definidos. Enquanto elas carregavam o pavilh�o, eles as cortejavam com eleg�ncia e postura. A dan�a nas escolas ganharam caracter�sticas pr�prias, tendo os grandes nomes do nosso carnaval, muitos deles da Portela, deixado suas marcas no estilo e nas formas de rodar, sorrir e apresentar a bandeira. 

  O julgamento de mestre-sala e porta-bandeira come�ou a fazer parte do regulamento a partir de 1938, quando era levada em considera��o apenas a fantasia (a dan�a come�ou a ser julgada somente em 1958) e hoje constitui-se num dos principais quesitos, fundamental para a conquista do t�o sonhado campeonato.


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Equipe Portela Web - 2001

 

Pesquisa e cria��o de texto: F�bio Pav�o

Revis�o ortogr�fica: Fabr�cio Soares

 

 

Bibliografia:

 

ARAUJO, Hiram. Carnaval - Seis mil�nios de hist�ria. Rio de Janeiro. Gryphus. 2000

CANDEIA FILHO, Ant�nio & ARA�JO, Isnard. Escola de samba - �rvore que esqueceu a raiz. Rio de Janeiro, Ed. Lidador, 1978.