O Pagode de 2003

 

A comemora��o pelo Dia Nacional do Samba de 2003 teve in�cio com a lavagem do busto de Paulo da Portela, situado na pra�a de mesmo nome, no bairro de Oswaldo Cruz. Logo na manh� do dia 2 de dezembro, as velhas guardas das escolas homenageavam aquele que mais contribuiu para a aceita��o e valoriza��o do samba.

 

Ratificando o papel de grandes anfitri�es da festa, os portelenses compareceram em peso aos eventos e fizeram do sagu�o da Central do Brasil uma grande sala de visitas onde recebiam os convidados, que puderam assistir grandes sambistas no palco �Mestre Rufino�, montado na entrada da esta��o. Apresentaram-se a Velha Guarda da Portela, a Velha Guarda do Imp�rio Serrano, a Velha Guarda do Salgueiro, Marquinhos de Oswaldo Cruz, Wilson Moreira, Renatinho Partideiro, Xang� da Mangueira, Walter Alfaiate e Serginho Proc�pio entre outros.

 

A edi��o de 2003 do Pagode do Trem contou com o apoio da RIOTUR, de uma grande empresa do ramo de telecomunica��es, de uma grande empresa do ramo de petr�leo e da SuperVia que, assim como em 2002, cedeu quatro composi��es. Pela primeira vez, os trens cedidos foram batizados com nomes de baluartes do samba: Paulo da Portela, Cartola, Silas de Oliveira e Geraldo Bab�o. Dois deles levaram as rodas de samba que, tradicionais no sub�rbio carioca, s�o ambientes de perpetua��o e fontes de renova��o do samba. Dando conta da anima��o nos vag�es estavam o Pagode da Tia Doca, Partideiros do Cacique, Samba na Veia, Pagode do Helinho de Guadalupe, Pagode do Pau Ferro, Sociedade Carnavalesca Embaixadores da Folia etc.

 

Uma terceira composi��o foi ocupada pelas velhas guardas da Portela, do Imp�rio Serrano e do Salgueiro, que partiram desde a Central e receberam a velha guarda da Mangueira na esta��o hom�nima. A �ltima composi��o, que deixou a gare D. Pedro II por volta de 20h, levou a bateria da Portela e sambistas �an�nimos� que, portando seus pr�prios instrumentos embaixo do bra�o, improvisaram a batucada. Uma cena que remetia aos anos 20 e que lembrava muito o �Diz que fui por a� de Z� Ketti. Ali�s, esse samba, que foi composto na d�cada de 60, eq�idistante no tempo entre os anos 20 e o in�cio deste s�culo, ligando passado e presente, traduz o que � ser do samba plenamente: � acordar os acordes, cantarolar como for as cantigas, imaginar imagens. Ser sambista � participar do samba.

 

Uma verdadeira multid�o aguardava a chegada dos trens � esta��o de Oswaldo Cruz. As pessoas se aglomeravam tanto na passarela quanto nas ruas de acesso. A maior parte das pessoas �caiu�, como j� � de costume, para o lado da Rua Jo�o Vicente, onde foi montado o palco �Candeia�. Do outro lado da esta��o, na Portelinha, foi montado o palco �Paulo da Portela�. Pelos dois palcos, apresentaram-se grandes nomes da m�sica do Rio de Janeiro como David Corr�a, Nadinho da Ilha, Marquinhos Diniz, Luiz Carlos da Vila, Bandeira Brasil e Ivan Milanez.

 

Al�m desses espet�culos nos palcos, aconteceram v�rias rodas de samba e de partido alto ao longo das ruas do bairro com os grupos que viajaram nos vag�es. Palmas, cavaquinhos, percuss�o, vozes e pronto: estava formada uma roda, criavam-se os improvisos, faziam-se os desafios.

 

O Trem do Samba de 2003 foi especial porque marcou o reencontro, uma reaproxima��o da Portela com as suas origens. O inusitado �arrast�o� que a bateria da escola e portelenses apaixonados fizeram pelas ruas Adelaide Badaj�s, Joaquim Teixeira e Estrada do Portela (at� a Portelinha) emocionou os moradores que h� muito n�o tinham seus cora��es batendo no mesmo pulso dos surdos da Tabajara. Idosos que n�o podem mais se deslocar at� o Portel�o remo�aram ao acompanhar o cortejo no canto de �Lendas e Mist�rios da Amaz�nia�.

 

Ainda na Adelaide Badaj�s apresentou-se Diogo Nogueira. Entre outros sambas, ele cantou �Espelho� e �Minha Miss�o�, de seu pai, Jo�o Nogueira, em parceria com Paulo C�sar Pinheiro.

 

O segredo do Pagode do Trem � aproveitar ao m�ximo as atra��es da programa��o oficial sem ficar restrito a elas. Caminhando pelas ruas do bairro, basta apurar os ouvidos e se deixar guiar pelo som da batucada, t�o natural em Oswaldo Cruz quanto o canto dos p�ssaros numa manh� feliz. Afinal, samba � mesmo como passarinho.