Percebendo as transformações por que passavam as escolas de samba, a Portela resolveu mudar para o carnaval de 1979. Trouxe Viriato Ferreira, então braço-direito de Joãozinho Trinta na Beija-Flor, e lhe deu a primeira oportunidade de assinar um enredo.
As comparações entre a Portela e a Beija-Flor foram inevitáveis, sobretudo pela semelhança entre os temas que essas escolas apresentariam. Enquanto Joãozinho Trinta falava do carnaval através do "Paraíso da Loucura", Viriato preparou para a Portela o enredo "Incrível, fantástico e extraordinário", demonstrando que, apesar das dificuldades do dia-a-dia, o povo brasileiro era capaz de realizar todo ano o maior espetáculo da terra.
E o desfile da Portela não deixou nenhuma dúvida, foi "incrível, fantástico e extraordinário".
Incrível foi a entrada da Portela. A tradicional Águia branca, de isopor, esse ano sem bater as asas, e a comissão de frente, reis da folia garbosamente vestidos de dourado e branco.
Fantástico foi o desempenho da bateria, comandada por mestre Cinco e Quincas, mantendo o ritmo do belo samba de David Correa, Tião Nascimento e J. Rodrigues durante todo o desfile.
Extraordinárias foram as alegorias, que esbanjavam originalidade e bom gosto, e as fantasias, dando um show de luxo e brilho.
A Portela entrou na avenida às 4:20h, e o desfile correu sem maiores problemas. Mesmo com o tempo limitado, os quase 3.000 figurantes, divididos em 32 alas, evoluíram de maneira perfeita, fazendo surgir um sorriso no rosto de cada diretor de harmonia, com a certeza do trabalho bem-feito.
Fechando a apresentação, um bloco de sujos era a síntese do enredo. O povo não resistiu, misturou-se ao bloco de sujos e seguiu a Portela. Nada mais natural, pois é esse mesmo povo que o enredo homenageava. É esse povo que resiste o ano inteiro para ali, no desfile de carnaval, "manter acesa a chama da tradição".
E esse povo consagrou a Portela como campeã. Nas ruas, os carros e apartamentos exibiam orgulhosamente a bandeira e as cores da Portela.
Não restavam dúvidas, mesmo entre os críticos e especialistas, que a Portela deixara a passarela como favorita, principalmente após a premiação do Estandarte de Ouro. Mas, infelizmente, o resultado não foi o esperado pela maioria.
A Portela terminou em terceiro lugar, atrás de Mocidade e Beija-Flor, e algumas notas causaram surpresa.
O jornalista Cláudio Bojunga, de enredo, não escreveu as notas por extenso, o que provocou a anulação de seu envelope. Se essas notas fossem incluídas, a Portela teria sido vice-campeã.
A coreógrafa Neli Laport, jurada de evolução, deu notas como 5 para a Unidos de São Carlos e 7 para Mangueira e Portela, o que muito contribuiu para a classificação final.
A Portela obteve ao todo 160 pontos:
Notas obtidas pela Portela no carnaval de 1979:
Bateria - 9 e 10
Harmonia - 10 e 9
Samba-enredo - 10 e 10
Mestre-sala e Porta-bandeira - 10 e 9
Evolução - 9 e 7
Fantasia - 10 e 10
Enredo - (anulado) e 10
Comissão de frente - 10 e 9
Alegorias e adereços - 4 e 4
Concentração - 5 e 5
Ficha técnica:
Resultado: 3ª Colocada do Grupo 1A, com 160 pontos
Data, Local e Ordem de Desfile: 7ª Escola de 25/02/79, Domingo, Av. Marquês de Sapucaí
Carnavalesco: Viriato Ferreira
Presidente: Carlos Teixeira Martins
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Vilma e
2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira:
Bateria: Mestre Cinco e Quincas
Contigente : 3. 000 Componentes em 32 Alas
Samba enredo:
autores: David Correa, Tião Nascimento e J. Rodrigues
Chegou o carnaval
Vou me abraçar com a cidade
Eu quero saber só da folia
Nesta festa que irradia
Sonhos mil, felicidades
Oh quanto esplendor !
Há palhaços, colombinas
Arlequins e pierrôs
O povo vai viver doce ilusão
Se extasiando no jardim da sedução
Ôôôôôôôôôôô !
A alegria já contagiou
A ordem do rei é brincar
Quatro dias sem parar
Incrível ! Fantástico ! Extraordinário !
O talento de um povo
Que mantém acesa a chama da tradição
O carioca tem um "quê"
Sabe amar e viver
Ao dançar no salão ou no cordão
Trabalha de janeiro a janeiro
Em fevereiro cai na delícia da folia
Mestre-sala e porta-bandeira
Riscam o chão de poesia
Segura baiana
Ioiô iaiá
Na quarta-feira
Tudo vai se acabar
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