Portela 1978 - "Mulher � brasileira"
Sexta escola a entrar na avenida no domingo de folia, dia 5 de fevereiro, a Portela dedicou seu carnaval � mulher brasileira. O enredo desenvolvido pelo Departamento Cultural partia da entrada de Raquel de Queiroz para a Academia Brasileira de Letras, derrubando um velho tabu. A escola abria suas alas para os novos espa�os conquistados pela mulher brasileira contempor�nea. Contudo, os grandes vultos femininos da nossa Hist�ria n�o foram esquecidos. Estavam l� Chica da Silva, a Marquesa de Santos e Maria Bonita. Havia ainda uma ala em homenagem a Darcy Vargas e o carro invocando a M�e Preta, vivida pela tradicional Tia Vicentina. Leila Diniz n�o foi esquecida. |
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�guia de 1978 |
Quando a escola entrou na avenida com os figurinos desenhados por Rosa Magalh�es e L�cia Lacerda � autoras tamb�m da decora��o da Sapuca� � as arquibancadas foram ao del�rio. � frente do desfile, seis mo�as rodeavam a tradicional �guia branca da escola, seguida por 2.800 figurantes, dezesseis destaques e dois carros aleg�ricos.
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Vanda Batista, vestida de Marquesa de Santos, e Pedrinho, de Dom Pedro I, eram dois dos luxuosos destaques da escola. |
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Pedrinho e Wanda Batista |
Clara Nunes e
Beki Klabin, ricamente vestidas, completavam o quadro. Antes mesmo de iniciar a
sua exibi��o, que foi considerada uma das melhores dos �ltimos anos por
v�rios analistas, a Portela j� tinha conquistado o p�blico, devido � for�a
do seu samba, que era curto e muito popular. A escolha do samba, no entanto,
provocou desentendimentos na escola. A dire��o da Portela decidira pela obra
de Jair Amorim e Evaldo Gouveia (os mesmos que em 1974 fizeram �O Mundo
Melhor de Pixinguinha�), dois nomes considerados intrusos na ala de
compositores da escola. |
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Clara |
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Se por um lado os dois conseguiram produzir um samba popular, por outro, este mesmo samba acabou encontrando muita resist�ncia entre os portelenses, o que comprometeu muito o desfile. E acabou levando Paulinho da Viola a romper com a escola em dezembro de 1977. O descontentamento com a escolha do samba foi o fato marcante desse carnaval. Em cr�nica na Revista Manchete, Albino Pinheiro expressava sua insatisfa��o: |
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Baianas de 1978 |
�Um show de beleza em que s� faltou um samba
Passista, onde est�s que n�o respondes?
A pergunta que pode ser feita a qualquer escola de samba n�o invalida a beleza e
o vigor do desfile da querida escola de Madureira. Com um samba que n�o se
adaptava e n�o se adaptou a um desfile pujante apresentado, na verdade e
supreendentemente a participa��o popular dos portelenses tradicionais provou
como um verdadeiro amor a uma escola de cora��o � mais forte do que eventuais
crises pol�ticas ou musicais. Conhe�o a Portela h� trinta anos e bastaria ver a
extraordin�ria ala das baianas desfilar para ter certeza de que uma parte de
Madureira continua fielmente portelense. O in�cio de seu desfile com a bel�ssima
�guia que � seu s�mbolo foi o an�ncio da riqueza que viria. E se a chuva que
voltou a se insinuar nesse in�cio de desfile meteu medo a muita gente, n�o tenho
d�vida de que ela seria incapaz de impedir a garra com que a escola se
apresentou. A chuva parou. A bateria ousava. O que a Mocidade, que tinha feito
um bel�ssimo desfile, n�o ousou fazer com sua bateria, a Portela fez. E se essa
ousadia causou � bateria da Portela alguns equ�vocos, louve-se a sua ousadia.
Cada mulher pertencente ao enredo tinha atr�s de si uma representa��o que
desenvolvia a figura dessa mulher e destaque-se a emocionante homenagem prestada
a Dona Darcy Vargas por uma ala representando os Pequenos Jornaleiros e tamb�m
as alas que secundavam Leila Diniz e Maria Bonita. Portela voltou a seu povo,
apesar de tudo, seu samba foi cantando por milhares de figurantes e � muito
importante registrar que de seu desfile n�o ficou a marca de nenhuma
personalidade, de nenhuma vedete e sim da for�a de seu conjunto. A ser observada
uma figura individual na Portela, eu digo o que o povo viu e sentiu: Vilma, que
al�m de ser umas das maiores porta-bandeiras de todos os tempos, juntou nesse
desfile toda a sua arte a um dos mais belos figurinos apresentados nesse
caranval. Pela mudan�a de sua evolu��o, que nos �ltimos anos impedia o samba no
p�, traduzindo maior liberdade para as alas, a Portela tamb�m fez surpresa e,
independente do resultado oficial, a cidade agradece a Madureira pelo digno
espet�culo que apresentou. Ah, se a gente boa da Portela tivesse um samba para
acompanhar tanta beleza!"
Mesmo com os problemas com rela��o ao samba, a
escola conseguiu somar 148 pontos, arrebatando o 5� lugar, numa bela homenagem
�s mulheres brasileiras.
Portela 1978 |
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Enredo: Mulher � brasileira | ||
Compositores: Jair Amorim e Evaldo Gouveia |
Amor,
amor, amor
A mulher em festival
Traz a Portela
� riso, � luz, � cor
� poema o carnaval
Falando nela
Tanta hist�ria pra contar
Tantos nomes pra lembrar
Com ternura e emo��o
Das hero�nas que s�o
Nosso orgulho e nossa tradi��o
Dessas mulheres gentis
Que fizeram meu pa�s feliz
(Vou cantar para exaltar!)
Um
sorriso em sua boca
Um olhar daquele jeito
Nossa alma fica louca
Cora��o bate no peito
Brancas, negras e morenas t�m (ora se t�m)
O feiti�o que as mulatas t�m(e como t�m)
Brasileira � uma beleza em flor
E beleza n�o tem cor
Ol�
ol�
Ol� ol�
Podem falar
Mas mulher como a nossa igual n�o h�
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Equipe Portela Web - 2003
Pesquisa e cria��o de texto: Geraldino
Revis�o ortogr�fica: Fabr�cio Soares