Portela 1987 - "Adelaide, a pomba da paz"

  Retomando uma de suas características - levar para a avenida temas e enredos inspirados em obras literárias, como "A volta do filho pródigo", passagem bíblica; "Memórias de um Sargento de Milícias", de Manoel Antônio de Almeida; "O tronco do Ipê", romance de José de Alencar;"Pasárgada, o amigo do rei", poema de Manuel Bandeira; "Macunaíma", romance de Mário de Andrade - nesse ano a Portela apresentou "Adelaide, a pomba da paz", inspirado no poema homônimo de Walmir Ayala. Trata-se da história da pomba Adelaide, que em sua viagem pela floresta vai juntando letras para no final formar a palavra AMOR e encontra o Senhor dos Rios. Provavelmente, foi o  primeiro enredo contundente abordando a preservação das espécies, executado por Geraldo Cavalcanti, estreando na Portela.
 

  Com o belíssimo samba de Carlinhos Madureira, Neném, Mauro Silva e Isaac, ganhador do Estandarte de Ouro, a Portela, mais uma vez, começou seu desfile no mágico momento entre o fim da noite e o início da manhã. Se no ano anterior, o colorido surpreendeu muita gente, neste ano, a ousadia foi maior: a tradicional Comissão de Frente e a águia pediam passagem e uma inacreditável e enorme ala de morcegos, toda em negro, com chapéus encimados por plumas amarelas e todos os componentes com lenços brancos nas mãos, fazendo com que o público se virasse boquiaberto para assistir ao desfilar de garças, jaguatiricas, raposas, pavões, leões, aranhas, corujas, tucanos, botos, jacarés, pelicanos, em meio às alegorias que lembravam troncos e galhos de árvores, teias de aranha, boto cor-de-rosa.

 

  Entre os destaques, Senhor Cláudio Bernardo, então sócio número 1, e Elizeth Cardoso, como a Cigarra, Martini e o cabeleireiro Silvinho.

 

  Os fantásticos desempenhos do samba, da bateria e dos componentes levantaram a arquibancada, que saudou a Escola com uma chuva de ventarolas, sob os primeiros raios do sol.
A Portela obteve o 3º lugar.

Portela 1987

Enredo:  Adelaide, a pomba da paz
Compositores: Neném, Mauro Silva, Arizão, Isaac e Carlinhos Madureira


Como se fosse magia
Nosso poeta alcançou
O afã da poesia
Foi aí que clareou

Clareou é do infinito
Oh! Que tema tão bonito
Adelaide, a pomba da paz
Está escrito

Voa, voa, voa
Deixa a tristeza de lado
Voa, voa, voa
Vai levar o seu recado

Leia esse matutino vai mudar o seu destino
Disse o tucano falador
Preciso de um mensageiro
Que seja bem ligeiro
Que leve a paz aonde for

Pomba, entre na floresta
Aproveite, a hora é esta
De aliviar a sua dor
Ilumine a escuridão
Faz feliz o coração
De qualquer sofredor, ô ô ô

São quatro letras
Que fazem sonhar
É o amor, que se espalha no ar
Neste dia de folia
Sigam o exemplo desta pomba
Desativem esta bomba
Prá ninguém se machucar

Amar é bom, amar é bom
É bom demais, é felicidade
É sinônimo de paz


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Equipe Portela Web - 2001

 

Pesquisa e criação de texto: Rogério Rodrigues

Revisão ortográfica: Fabrício Soares