Portela 1989 : "Achado não é roubado"

  Neste ano, estréia na Portela o carnavalesco Sílvio Cunha, que propõe no enredo mostrar o "achamento" do Brasil.

  Se, em 1969, Clóvis Bornay mostrou a saga das "Treze naus" entre Portugal e as Índias, em cujo trajeto Cabral acabou por "descobrir" o Brasil, em "Achado não é roubado" Sílvio Cunha pretendeu rever a história oficial, permitindo-se, inclusive, algumas "licenças históricas" para desenvolver o enredo sobre os primeiros povos a chegar por aqui.  

  Neste ano, também, a Portela festejava 65 anos de fundação e o carnavalesco aproveitou para comemorar a data vestindo a escola com todo o luxo a que tinha direito e que sempre caracterizou a Azul-e-Branco de
Osvaldo Cruz.

 

 

A Águia pela primeira vez deixa o chão

    Entre a noite e o amanhecer, a Águia, pela primeira vez, veio sobre uma grua para simular o seu vôo. Abrindo o caminho e pedindo passagem, a Comissão de Frente veio com a Velha Guarda.

  O samba de Carlinhos Madureira, Neném e Mauro Silva foi cantado com muito entusiasmo.

O primeiro casal de Mestre-Sala e Porta-bandeira foi Tatu e Gisele e o segundo, Ruço e Maria da Glória.

Os primeiros raios da manhã destacaram o dourado da Portela

  Todo o primeiro setor homenageava o aniversário de fundação, com uma imensa ala fantasiada de águia, toda em branco e prata. Em seguida, vinha a saudosa primeira destaque Vanda Batista, sobre o carro Candelabro, todo espelhado.

  O enredo começava com a possível chegada nestas terras de fenícios, assírios, gregos, egípcios, vikings e chineses e suas respectivas embarcações. A riqueza nos bordados, o brilho e o colorido presentes neste setor arrancaram entusiasmados aplausos do público.

 

  A passagem entre este setor e a chegada dos portugueses foi
representada pelo setor "Mar tenebroso", como era chamado o Oceano Atlântico, e o carro Netuno. Em seguida, desfilaram os navegadores da Escola de Sagres, Nobres, Damas da Corte, indicando a posse da terra em nome da Coroa Portuguesa e a ameaça dos piratas e invasores holandeses, franceses e espanhóis.

  Para mostrar a reivindicação de demarcação das reservas, passaram os donos da terra, com seus índios com pássaros, índios com cerâmica, índios azuis, índios com cocares, índios com flores, as mulatas índias e a ala coreografada pelo famoso passista Jerônimo.

Destacaram-se, ainda, a bateria comandada por Mestre Timbó e as baianas e sua bela fantasia azul-e-branco.

Encerrando o bonito desfile com o dia claro, a Portela obteve, no entanto, a 6ª colocação.
         

Portela 1989 

Enredo:  Achado não é roubado
Compositores: Neném, Mauro Silva e Carlinhos Madureira


Achei
Juro eu não roubei
Desde o meu tempo de criança
A vovó sempre dizia
Achado não é roubado
Tá na lembrança
De repente o Sr. Cabral
Chegou ao Brasil
Aportou a sua nau
E disse ao mundo que o descobriu
Na verdade a história conta
Um faz de conta
Ao seu modo e ao revés
Aí, e aí
A natureza se impôs tão ricamente
A Amazônia é um tesouro
Que hoje está presente

(Olha lá!)

Olha lá, olhá lá
Olha lá Salomão (Salomão, Salomão!)
O tesouro é meu majestade
Não vá tirar da minha mão

Assim a história segue em frente
Sinceramente eu não consigo entender
Quem é o dono da cartola
Que fez este gigante aparecer
É tão triste olhar
Sem poder, sem poder reconquistar
Índio é o filho da terra
Que no meio desta guerra
Só faz se lamentar

Quem foi, diz quem foi amor
Ninguém sabe, ninguém viu (ninguém viu)
Eu queria é saber, saber
Quem descobriu o meu Brasil


Texto protegido pelas leis que regem o direito autoral

Proibida a reprodução total ou parcial sem os devidos créditos ou autorização do autor

 

Equipe Portela Web - 2002

 

Pesquisa e criação de texto: Rogério Rodrigues

Revisão ortográfica: Fabrício Soares