Bateria

Bateria da Portela
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27/10/07 08:28
RIO - Equipe Portelaweb


Bateria da Portela: agachado, mestre Betinho



Falar da bateria da Portela é lembrar de grandes mestres que escreveram a história do samba. Sua batida firme é reconhecida no Brasil e no exterior, o que a fez ganhar fama no mundo do samba como a "Tabajara do Samba".

Nas festas na casa do Sr. Napoleão, Sr. Vieira, D. Neném e Dona Esther, participantes dos cultos afro-brasileiros, em suas diversas linhas e nações, traziam seus instrumentos: violões, atabaques, cavaquinhos, tamborins, tamboretes, pandeiros e cuícas, que formavam o ritmo para o lundu, caxambu, jongo e samba. Desse período distante, a Portela formou o seu "regional", grupo que se apresentava com os instrumentos em festas e circos.

Nas primeiras apresentações do então Conjunto Carnavalesco Oswaldo Cruz, o grupo utilizava os músicos desse "regional", formando o embrião da bateria da Portela. Grande parte dos primeiros instrumentos portelenses foi trazida do quartel pelo sargento Mendonça. Contudo, esses instrumentos precisavam ser devolvidos, e a Portela teve que produzir suas próprias peças de bateria no barracão.

Quem começou a desenhar a trajetória gloriosa da bateria da Portela foi Adalberto dos Santos, o mestre Betinho, que mudaria definitivamente o rumo das baterias e do carnaval carioca. Foi Betinho quem introduziu nas escolas de samba instrumentos como a caixa-surda e o reco-reco. Certa vez, observando um guarda de trânsito no exercício de suas atividades, Betinho teve a idéia de usar um apito para comandar seus ritmistas, iniciando uma prática que se tornou comum.

O Cruzeiro

Ao centro, mulher na marcação

Características em mudança

Depois de Betinho, "Ximbute", antigo auxiliar, assumiu o comando de nossa bateria. Corneteiro do Exército, "Ximbute" utilizou na bateria instrumentos comuns nas bandas marciais. Oscar Bigode também foi outro grande mestre da Portela e do carnaval carioca, sempre procurando inovar e introduzir novos instrumentos.

Além desses, Nozinho, Vadico, Quincas, Valdomiro, Cinco e André, que fez sucesso inventando a "paradinha" na Mocidade Independente de Padre Miguel, foram grandes diretores ou mestres de bateria da Portela.

Mestre Bombeiro é o componente mais antigo. Está a mais de 40 anos dirigindo o naipe de surdos. Depois dele ainda estão na ativa Genésio, no chocalho pião, e Arsênio, na cuíca. Os 3 somam quase 100 anos de bateria.

A Portela também foi a primeira escola a permitir a participação de mulheres na bateria. Dagmar, que tocava surdo, entraria dessa forma para a História do carnaval.

A "Tabajara Portelense" conservava como característica básica o surdo de terceira com o couro mais frouxo e a batida característica criada na década de 40 por Sula. O couro mais frouxo deixava a afinação da terceira da Portela mais grave que as outras escolas. Isso mudou nos últimos anos. Mas a batida com 3 toques curtos e 3 toques longos, segue sendo a marca da escola.

A Portela, que não tinha caixas batidas em cima com toque de tarol, passou usar esse tipo de toque nos últimos anos.

A bateria ostentena dois Estandartes de Ouro, conquistados nos anos de 1972 e 1986. Foi uma bateria "pesada", onde notava-se a presença marcante dos surdos. Hoje o número de marcações caiu de 60 para cerca de 40.

Diferente de outras escolas, a Portela tinha a tradição de colocar todos os surdos de primeira de um lado e todos os de segunda do outro. Isso também mudou devido a aceleração do samba.

Manchete

1986, último ano de Mestre Marçal

De 1970 ao Século XXI

Em 1971, Mestre Cinco foi trazido da Unidos de Padre Miguel para a Portela, tendo assumido o desfile de 1972. Junto com ele veio um grupo de ritmistas que impuseram uma batida diferente a escola. Não houve descaracterização total, mas a bateria passou a bater diferente.

Em 1978, Mestre Marçal - que era diretor - chega ao cargo de mestre e resgata parte da batida da escola. Somente em 1980 divide o cargo com Mestre Quincas, mas fica na escola até 1986. Em 1987, começa a geração Timbó.

Mestre Timbó chegou a Portela frequentando os ensaios no Mourisco. Com experiência de bateria nos blocos da região de Laranjeiras - Canários das Laranjeiras - e Botafogo - Foliões de Botafogo -, Timbó fica na Tabajara até 1994, quando é subistituído por Mestre Mugue.

Até o carnaval de 2002, Mestre Mugue foi o maestro da nossa "Tabajara", herdeiro da tradição de grandes mestres portelenses.

Esse quadro só foi modificado em 1996 e 1997, com rápida passagem do Mestre Paulinho de Pilares.

Em 2003, assumiu a bateria Carlinhos Catanha, filho de mestre Catanha, que durante anos dirigiu o naipe de tamborins. Carlinhos tocava na bateria há quase 20 anos e era prata da casa. Ele fez um ótimo desfile e permaneceu na bateria até dezembro de 2003, quando foi afastado da direção. Segundo o então diretor da escola, Marco Aurélio Fernandes, Catanha estava descaracterizando a bateria. O mestre não concordou com a afirmação, mas deixou o cargo junto com vários diretores. Mestre Mugue foi chamado de volta e levou a bateria até o fim do carnaval.

Em agosto de 2004, já na administração de Nilo Mendes Figueiredo, Amando Marçal, o Marçalzinho, filho de Mestre Marçal, foi convidado para dirigir a bateria. Marçalzinho freqüentava a escola. Estava afastado da bateria desde 1986, mas aceitou o convite.

A bateria se saiu muito bem em 2005, num desfile cheio de problemas. No final do ano, ocupado com o trabalho de percussionista, Marçalzinho pediu demissão e deixou um de seus diretores no cargo. Houve boatos de que ele havia se desentendido com a diretoria. No entanto, o próprio garante que os motivos foram profissionais.

Nilo Sérgio, que já estava na Portela desde os tempos de Mugue, é o atual diretor de bateria da Portela e fez sua estréia no desfile de 2006. Comandou a escola tambem em 2007 e prepara o desfile para 2008.

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Pesquisa e criação de texto: Fábio Pavão e Marcello Sudoh
Revisão ortográfica: Fabrício Soares


Bibliografia:

ARAUJO, Hiram. Carnaval - Seis milênios de história. Rio de Janeiro. Gryphus. 2000

CANDEIA FILHO, Antônio & ARAÚJO, Isnard. Escola de samba - árvore que esqueceu a raiz. Rio de Janeiro, Ed. Lidador, 1978.



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