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Direção de bateria tem nova geração: Vinícius
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Vinícius da Cruz Ximenes é o atual diretor de tamborins da Portela. Ele tem 24 anos de idade, nasceu, foi criado e ainda mora em Madureira. Vinícius, que faz parte da nova geração que chegou à bateria da Portela no final da década de 90, deu a seguinte entrevista pela internet à Equipe PortelaWEB:
Quando você entrou na Portela e quem o levou?
Entrei na Portela em 1998 por intermédio do meu tio, o ex-compositor já falecido Wilson Cruz, vencedor dos sambas de 1993 e 1994 pela Portela.
Foi direto para os tamborins?
Sim! Na verdade cheguei à bateria sem saber nada e achei que seria muito fácil, que bastaria portar um tamborim, subir ao palco e tocar. Mas não foi nada disso, era muito além do que eu imaginava. Lembro-me quando fui apresentado pelo meu tio ao ex-Mestre Carlinhos Catanha que, naquela época, ainda era diretor do Mestre Mug. Catanha me permitiu que subisse no palco para tocar, mas disse que estaria me observando. Logo que me viu “tocando”, percebeu que seria uma tarefa não muito fácil. Um dia encontrei na porta de um bar ao lado da quadra um ícone no tamborim da Portela, o grande Souza, fui até ele e pedi para que me ensinasse a tocar. A partir daí comecei a me aperfeiçoar no carreteiro e não parei mais. Sou grato a ele até hoje.
Quem era o diretor do naipe e o mestre?
O diretor do naipe era o Nilton, mais conhecido como Dinamite, e o mestre era o Mug.
Quando você passou a dirigir o naipe?
Bem, passei a dirigir o naipe nos ensaios de 2004 para o carnaval de 2005. Foi algo bem interessante. A ala da Portela estava necessitando de uma renovação. Há 3 anos seguidos os jurados justificavam em suas notas alguma falha apresentada na ala. Tive a iniciativa junto com Muguinho - hoje 1º repique da bateria - de expor nossa carência ao Mestre Marçalzinho, que estava assumindo o cargo naquele ano. Durante os ensaios era algo muito complicado pois tínhamos carência de quórum (faltava gente para tocar). Havia ensaios em que ficavam tocando no palco só o Muguinho, o Rato, o Raul, o Daniel, o Marquinhos e eu. Isso acabava refletindo no resultado final pela falta de conjunto. Diante dessa iniciativa, Mestre Marçal me propôs o desafio de mudar esta situação. Logo, aceitei.
Os tamborins têm a mesma afinação?
Hoje utilizamos dois tipos de afinações. Uma é de médio grave para aguda e outra simplesmente aguda. Juntas formam um resultado bem legal no conjunto.
Quantas hastes têm as baquetas?
De 2004 para cá venho adotando a extinção das famosas baquetas vassourinhas, que possuem mais de 5 hastes, e substituindo- as por baquetas de 3 a 2 hastes. A meta para 2008 é que todos os integrantes da ala venham a desfilar com baquetas iguais para que seja ressaltado o conjunto.
Como são definidos os desenhos dos tamborins, quem participa?
Bem, os desenhos são criados durante os ensaios técnicos de bateria. Antes mesmo da escolha do samba já temos desenhos pré-definidos para o possível vencedor, seja lá qual for o finalista. Este ano a concretização do desenho foi realizada em minha casa com a participação de Raul e Daniel. Na ala não há individualismo, tudo é criado em conjunto e apresentado ao Mestre Nilo para a avaliação final.
Os desenhos são sempre feitos em alguma parte do samba - por exemplo, sempre no primeiro refrão, sempre na segunda parte etc. -, ou isso depende do samba?
Antigamente esperávamos sair o samba campeão para criarmos os desenhos em cima do mesmo. Já no inicio de 2002, este método foi quebrado por alguns diretores e, desde 2004, adoto o mesmo método. Criamos inúmeros desenhos diferentes, utilizamos os mesmos nos ensaios técnicos de bateria e, conforme os sambas são eliminados na etapa classificatória, vamos adaptando os desenhos aos sambas apontados como possíveis campeões, criando um único desenho em cima dele. Na ocasião da escolha do samba-enredo, praticamente todos os ritmistas estão preparados para executar o desenho do samba.
Durante o desfile na avenida, você coloca os mais experientes no corredor ou nas laterais?
Bem, a minha divisão não é tanto por essa parte de experiência, até porque a maioria dos integrantes é experiente. Procuro colocar nessas funções pessoas de extrema confiança, pois serão eles os meus auxiliares durante todo o desfile. Todos os ritmistas devem estar atentos às minhas sinalizações, mas pode ocorrer de alguns não conseguirem visualizar. Os pontas e corredores suprem isso e comunicam aos demais. Os corredores principais este ano foram formados por Raul, Marquinhos, Claudemir e Gabriel; já nas pontas ficaram o Rodolfo e o Daniel.
Você ouviu alguma coisa nas caixas que possa justificar a nota 9,7 dada pelo jurado do primeiro módulo?
Sinceramente, não. Passamos bem e com humildade. Para muitos bons entendedores de bateria, fomos apontados como a melhor bateria de 2007 a passar na Sapucaí. Cabeça de jurado é complicada. Ano passado perdemos 0,1 por falta de criatividade no primeiro jurado. Saímos correndo do box e não tivemos tempo para apresentar a bateria para ele. Este ano saímos correndo novamente, mas mesmo assim executamos as duas bossas na frente do primeiro jurado. Enfim, Mestre Nilo, toda nossa diretoria e ritmistas estão de parabéns pelo que apresentamos este ano e o trabalho continua.
Equipe Portelaweb - 2007
Revisão ortográfica: Fabrício Soares
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