Bateria

Entrevista com Mestre Nilo Sergio para o carnaval de 2008
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23/02/08 11:04
RIO - Equipe Portelaweb


Diego Mendes

A entrevista foi feita em janeiro de 2008, antes do desfile

Bateria vai fazer bossa da Pororoca

Em seu terceiro ano à frente da Tabajara do Samba, mestre Nilo Sérgio corre atrás dos 40 pontos, sonha com o Estandarte de Ouro e vai fazer a Pororoca jorrar em cima das passistas de Osvaldo Cruz.

Ano passado, você disse que iria reduzir o número de ritmistas para o desfile de 2008. Como ficou isso?

Não vamos reduzir. Não deu (rs). Viremos com algo perto de 300. A rapaziada "chegou junto" este ano. Muita gente compareceu aos ensaios e, para esse pessoal, não dá para dizer que não vai desfilar. É complicado. Mas agora está muito mais fácil de trabalhar porque a gente está junto há 3 anos e já nos acostumamos.

Como está composta a diretoria para este ano?

De diretor novo temos o Vagner, que é o primeiro repique da escola. No restante, continua o mesmo grupo: Lói e esse diretor novo (Vagner) olhando os repiques; o Júnior e o Gigante nos chocalhos; Bombeiro nos surdos; Sidclay não é diretor, mas coloquei-o responsável pelos agogôs; o Vinícius e o Vandame nas caixas; o outro Vinícius nos tamborins e 6 apoios.

Mas a novidade são os agogôs?

É. Os agogôs, as bossas e os movimentos. Fizemos uma bossa um pouco maior com uma troca de marcações no final. Nessa hora, a gente anda pra frente, anda pra trás, agacha e faz uma reverência. Daí, quando chega na parte que o samba fala "O homem surgiu", os agogôs aparecem tocando uma bossa. Depois entra toda a bateria. O público está gostando.

É uma bossa só?

Não, são duas. Tem uma bossa grande, que é fora dos padrões da Portela, e uma outra, dentro dos padrões. A bossa grande é na cabeça do samba. A outra é no final. Apesar da bossa grande ser fora dos padrões da escola, senti que dava para encaixá-la direitinho no início.

Como é essa outra bossa no final do samba?

É assim (Nilo faz onomatopéias imitando a bossa). Ela é normal. Mas é mais um recurso porque, nessa hora, o samba pede. As duas não atrapalham o andamento da escola. Essa no final é mais para chamar a atenção dos jurados.

Você acha que o samba facilitou a montagem das bossas?

Graças a Deus, nesses 3 anos, os sambas vêm sendo bem escolhidos. Não tenho tido dificuldades de montar as bossas em cima. Mas nem tudo é tão fácil. Como a Portela é uma escola tradicional, tive sérios problemas com essa bossa da cabeça.

O que aconteceu?

É que acharam que essa bossa grande era desproporcional para os padrões da Portela. Lembra que eu comentei contigo que ia colocar uma bossa maiorzinha?

Lembro.

Então, é essa aí. Mas houve críticas. Teve gente que pediu para tirar. Aí eu provei que a bossa não mexia em nada com a escola porque ela não parava com a bateria. No primeiro ensaio técnico na Sapucaí, o presidente viu que a bossa não comprometia a evolução da escola e que o público estava gostando. Então, ele mesmo pediu para a bossa ficar. Mesmo assim, abri para opiniões e perguntei aos segmentos da escola onde estava a dificuldade. Um dos compositores, que estava contra a bossa, viu como ficou no ensaio técnico e veio me pedir desculpas. Eu disse que não era minha intenção atrapalhar a obra dele, mas que precisava fazer alguma coisa para garantir a pontuação máxima na avenida. Chamei-o para ouvir, pedi a alguém para cantar. Mostrei como ia ficar. No final todo mundo entendeu.

Então, na prática, o pessoal ouviu e achou legal?

É. Agora a gente a chama de Bossa da Pororoca (rs). A bateria vem atrás da ala de passistas. A gente faz um movimento em direção a elas, que estão na frente. E elas fazem um movimento em nossa direção. Como a fantasia da bateria tem um movimento, ficou legal.

E a fantasia, como é?

A gente vem como Energia da Água. Parece um soldado com umas coisas nas costas. Tivemos um probleminha com a fantaisa, mas ficou tudo resolvido. Ano passado a fantasia foi um terno, muito bom para se desfilar. Este ano tem umas penas duras. Eu disse que a pena dura machuca o ritmista e que não era bom a gente colocar em risco 40 pontos por causa de alguns décimos que as penas poderiam levar. Daí a primeira dama, que comanda o atelier, está cuidando para que tudo saia bem.

Andamos conferindo as BPMs (batidas por minuto) dos ensaios na Sapucaí e a Portela foi a que teve o andamento mais rápido. Marcou cerca de 152 no primeiro ensaio...

No segundo ensaio a gente fez 144...

Apesar de andamento rápido não ter nada a ver com cadência, o que você está fazendo para a bateria ficar com andamento pra frente, mas cadenciado?

Isso é coisa de batida de caixa e tamborim. O surdo vem naquela marcação, não sai daquilo. É sempre igual. Como eu não gosto de tamborim fazendo muito desenho, peço para botar cadência ali e nas caixas.

E no dia do desfile?

Viremos com 144 (BPMs). Mas não depende só de mim. Dependo também do carro de som. Por isso, estou conversando com o presidente.

Além de você, tem mais alguém apitando nesse andamento?

Não. Estou trabalhando isso com o Scafura. Mas jamais vamos passar dos 150. Gostei muito do andamento de 144 que usamos no segundo ensaio.

A diretoria de Harmonia está de acordo?

Sim. O pessoal da diretoria de Harmonia e da diretoria de Carnaval é muito tranqüilo. A gente se conhece e troca muitas idéias. Eu sempre os consulto.

E como estão distribuídos os instrumentos?

Olha, vamos desfilar com 13 primeiras, 13 segundas e 16 terceiras. Não quero vir muito pesado (bateria pesada significa muitos surdos). Vamos ter 100 caixas, 40 repiques, 30 chocalhos, 24 cuícas...

E os agogôs?

Ia vir com 24. Mas subimos para 30. O Sidclay vem fazendo um trabalho muito bom e a gente resolveu aumentar. Ele propôs virmos com 30 e eu liberei.

Tem gente do Império Serrano?

Só ele veio do Império. Pediu ao Átila para sair. Eu consultei o Átila, tive boas referências e o trouxe para a Portela. Mas acho que não tem mais gente do Império não. Me parece que os 30 são alunos dele e, entre eles, tem muitos portelenses.

Você colocou os agogôs bem na frente da bateria?

Vem atrás das cuícas. A Portela sempre coloca as cuícas na frente. É tradicional. São 24. Depois vêm os 30 agogôs, os 30 chocalhos e os 40 tamborins. Os agogôs estão muito à vontade ali. No meio da bateria - bem no centro - viremos com um microfone numa primeira, outro numa segunda e mais um numa terceira.

E as caixas?

Este ano vamos sair com todas as caixas tocando embaixo. Já falei para a rapaziada que se eu vir tocando em cima vai ter que arriar.

Os surdos não mudaram de afinação?

Não. Primeira mais grave, segunda mais aguda e terceira no meio.

Em que posição a bateria vem dentro do desfile?

Acho que é no quinto setor, mas não tenho certeza. Não estive no barracão ainda, então não sei. Estamos muito ocupados com a gravação da novela, os ensaios e não deu tempo de ir lá ver.

Você não vai trazer nenhum queijo para subir quando a bateria estiver estacionada?

Cara, você tem bola de cristal (rs)? Estava pensando nisso. Acho que vou levar um queijo que tem lá na quadra. A fantasia vai ter um negócio grande nas costas e vai dificultar a visão.

E o Estandarte de Ouro? Tá sentido o cheiro de Estandarte para a Portela?

Rapaz, eu durmo e acordo pensando nisso (rs). A última vez foi em 1986 com o Marçal. Mas a gente tem que ter humildade. Vamos tentar. Falei para o pessoal que se estão falando por aí que a Portela é forte candidata, o olhar dos julgadores vai ser mais severo. Vamos ter que tomar todo o cuidado.

Revisão ortográfica: Fabrício Soares

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