Entrevistas

1- Dona Dodô
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04/02/06 19:43
RIO - Equipe Portelaweb
- Lucia Pinto e Fábio Pavão


Acervo Portelaweb

Porta-bandeira no primeiro campeonato da Portela, em 1935, Dolores Alves, a Dodô, seguiu na função até 1966. No ano 2000, Dodô voltou a desfilar como porta-bandeira, comovendo a todos na Sapucaí. Participando ativamente do dia-a-dia da escola desde 1935, esta grande personalidade do carnaval carioca é muito querida por todos. Dodô conversou com a Portelaweb e revelou: "Recebi a bandeira de 1935 das mãos de Paulo da Portela".

Portelaweb: Como a senhora chegou à Portela?

Dodô: Foi a rainha da Portela que me trouxe, em 1935.

PW: A senhora foi a primeira porta-bandeira da Portela?

Dodô: Eu cheguei para pegar a bandeira da Portela. E nunca saí em outro lugar.

PW: A senhora foi a porta-bandeira no primeiro título da Portela, não é verdade?

Dodô: No primeiro título, e quem me entregou a bandeira foi Paulo da Portela.

PW: E quem era seu mestre-sala?

Dodô: Seu Antônio, o primeiro mestre-sala da Portela.

PW: E qual lembrança a senhora guarda de Paulo da Portela?

Dodô: Muito trabalho. E se hoje em dia a escola tem esse nome, Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, agradeça a ele. Ele, seu Rufino, seu Cláudio... os fundadores da escola.

Acervo Portelaweb

PW: Como era ser porta-bandeira naquele tempo?

Dodô: Era diferente. Tanto para mim quanto para as outras porta-bandeiras antigas. A dança era diferente. O rodopio era diferente.

PW: O carnaval mudou muito, não é, Dodô?

Dodô: Mudou. Mudou muito.

PW: O que a senhora acha do carnaval de hoje? Naquela época todos na escola se conheciam, não é verdade?

Dodô: Bom, justamente, todo mundo se conhecia, como agora. Vocês agora já passaram a me conhecer (risos) e assim todo mundo vai se conhecendo. Mas, quando eu vim para a Portela, tinha mais harmonia, tinha mais vontade, tinha mais garra no samba. Os compositores, para concorrer com o samba, tinham as pastoras julgando na quadra, cantando. O samba mais bem cantado é que a gente levava para a avenida. O samba não podia ser pequeno como agora.

PW: Como assim? Como era o samba naquela época?

Dodô: Quando eu vim para cá, as pastoras cantavam em coro. O estribilho era versado. Os compositores vinham na frente da bateria e versando. Agora não. De 1935 para cá, o samba já teve que ter estribilho.

PW: A senhora acha que hoje o som da avenida atrapalha, impedindo que as pessoas cantem?

Dodô: Ué, atrapalha por quê? Só não canta quem não quer. Quanto mais som, melhor. Para quais escolas vocês torcem?

PW: Todos somos portelenses.

Dodô: Vocês são portelenses, mas no meu tempo, no primeiro ano em que eu saí, em 1935, ninguém me ensinou, meu mestre-sala disse apenas: "Quando tocar o sinal você entra", era garra. Mas agora o que está faltando ao nosso samba é amor. Cada um por sua escola. Se você era Portela, você não podia sair na Mangueira, no Salgueiro... agora não. As pessoas somente em uma noite saem em 4 ou 5 escolas. Estão enganando os outros.

PW: O que a Portela representa para a senhora?

Dodô: Tudo. É minha família.


Texto revisado por Fabrício Soares.
Entrevista exclusiva. Concedida na Portelinha em 17/06/2001.



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