Acervo PortelaWeb
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Bateria da Portela em 1959
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Quesito Bateria já teve 6 subquesitos Paradinha. Coreografia. Aceleração. O julgamento do quesito Bateria é um dos mais polêmicos do desfile das escolas de samba. De um lado está um grupo que acredita que a bateria precisa criar e inovar em cada desfile, trazendo novas paradinhas, novas bossas, novas coreografias, novos instrumentos. Do outro lado está um grupo que também concorda com estas novidades, desde que elas respeitem a tradição e os fundamentos da bateria de cada escola.
O Manual do Julgador da LIESA – Liga das Escolas de Samba – deixa a discussão seguir livre quando determina, textualmente, os 3 pontos que devem ser observados durante o desfile:
- a manutenção regular e a sustentação da cadência da bateria em consonância com o samba-enredo;
- a perfeita conjugação dos sons emitidos pelos vários instrumentos;
- a criatividade e a versatilidade da bateria.
A discussão gerada em torno do tema é bastante saudável. Ajuda o segundo grupo a entender que renovação não significa deturpação; e o primeiro grupo a compreender que tradição não é sinônimo de conservadorismo. Mas um fato é verdadeiro: o primeiro grupo tem sido mais ouvido pela Liga que o segundo, o que é uma pena.
O julgamento do quesito Bateria já foi feito de forma bem diferente. Até meados da década de 70, o quesito era julgado tendo como base 6 subquesitos: Constância, Harmonia, Arrumação, Movimentação, Uniformidade e Postura.
Os 6 subquesitos
Os 2 primeiros subquesitos – Constância e Harmonia – pontuavam de 0 a 3; os outros 4 – Arrumação, Movimentação, Uniformidade e Postura – pontuavam de 0 a 1 cada. A soma da nota máxima dos 6 subquesitos (3+3+1+1+1+1) dava a nota máxima para a escola: 10.
O subquesito Constância julgava a manutenção do ritmo. Os julgadores tentavam perceber a flutuação rítmica durante o desfile. A excessiva flutação provocava a perda de pontos. O quesito era influenciado pela evolução da escola na avenida: se atrasada, o número de batidas do surdo aumentava para puxar a evolução da escola. Na prática, o subquesito fica – como hoje – à mercê do que cada julgador entende como flutuação.
O subquesito Harmonia julgava a harmonia entre os instrumentos, ou seja, sua afinação, toque e a perfeita identificação do som de cada peça durante o desfile.
O subquesito Arrumação julgava a distribuição dos instrumentos dentro da bateria. Na época não havia o corredor no meio da bateria e os chocalhos desfilavam na cozinha (parte de trás da bateria). Como hoje, a Arrumação variava muito de bateria para bateria e os instrumentos leves – cuícas, reco-recos, agogôs, pandeiros, tamborins, pratos, chocalhos peão, liras, xequerês etc. – ocupavam a parte da frente da bateria. Na lateral, algumas escolas colocavam caixas e taróis. Hoje, não é muito comum ver esses dois instrumentos nas laterais. Para o julgador, se visualmente os instrumentos estivessem bem distribuídos, obedecendo a estas pequenas regrinhas, a escola pontuava bem.
O subquesito Movimentação julgava o deslocamento da bateria durante todo o desfile, incluindo a entrada e a saída do recuo. Quando a saída ou a entrada no recuo era confusa, a escola perdia pontos. Observava ainda a movimentação do conjunto da bateria.
O subquesito Uniformidade julgava a fantasia da bateria no que diz respeito a falta, avaria ou excesso de alguma parte. Todas as fantasias da bateria deveriam estar rigorosamente iguais, dos pés à cabeça. Mas o julgador, como hoje, não podia julgar sua beleza ou adequação ao enredo.
E o último subquesito, Postura, julgava o comportamento dos ritmistas durante o desfile. Se faziam sinais ou gestos inconvenientes, se se portavam com desleixo, desrespeito ou de forma estranha. Talvez a presença visível de ritmistas excessivamente embriagados fosse o principal alvo dos julgadores.
No julgamento atual, o conteúdo de alguns desses subquesitos ainda é observado, mas eles não possuem mais a força de pontuação separada.
Fonte: jornais e revistas do período.
Equipe Portelaweb - 2006
Texto revisado por Fabrício Soares
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