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Mestre Nilo Sérgio e seus diretores
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Tabajara vem com jongo e liras Em 2006, Mestre Nilo Sérgio estreou na bateria da Portela e levou o Estandarte de Ouro de revelação do carnaval. Antes do desfile, ciente da responsabilidade do posto, afirmou que "pato novo não mergulha fundo", numa alusão ao fato de que deveria arriscar pouco na avenida, já que estava estreando.
Em dezembro de 2006, Mestre Nilo Sérgio deu à Equipe PortelaWEB a seguinte entrevista:
Mestre, ano passado você disse que pato novo não mergulha fundo. E agora, já dá para mergulhar?
Não (risos), ainda não dá, não. Com humildade a gente vai chegando e conquistando as coisas aos poucos. Mas, temos trazido novidades...
E do ano passado para este ano, a bateria melhorou? Vem com tudo?
Este ano espero mais. O primeiro ensaio técnico da Portela me surpreendeu. Surpreendeu também às pessoas que foram lá assistir. Surpreendeu inclusive a alguns mestres de outras baterias que estavam presentes. Ainda temos alguns acertos para fazer, mas a bateria está tinindo. Diria que estamos mais adiantados nos acertos que no ano passado.
A maioria dos ritmistas é de Osvaldo Cruz ou vem muita gente de outros lugares?
Tem gente de Osvaldo Cruz, Madureira, Irajá, Rocha Miranda, Cavalcanti, Campo Grande. Tem gente de Cosmos que está vindo e porque é portelense. Então, tem que fazer parte. Mas estamos fazendo testes porque precisamos ter qualidade e não quantidade. Precisamos sair melhor que ano passado.
Esse pessoal novo está tocando que instrumentos?
Tem gente no surdo de segunda, de primeira, tem no tamborim. Eu mantive o pessoal dos tamborins que desfilou ano passado e acrescentei mais gente. Tem uma bossa que é em cima dos tamborins. Como ano passado desfilaram 36, eu aumentei para 40.
Vai ter uma bossa só?
Não, vamos fazer duas. No ano passado, nós fizemos duas bossas: uma mostramos no ensaio na Sapucaí, a outra deixamos para mostrar no desfile e foi uma surpresa. A gente chamava de bossa do pulo, porque o pessoal pulava. Este ano viremos com duas bossas também.
Essas bossas estão em que parte do samba?
Uma é no refrão "Medalha de ouro em bateria", que é uma bossa que a gente já mostrou no ensaio técnico. A outra é na cabeça do samba. Nós estamos adotando essa coisa de colocar bossa na cabeça do samba. Vai virar tradição. Todas as baterias estão fazendo bossa. É mais um recurso para conquistar o jurado. Este ano eu perdi 0,1 ponto por falta de criatividade. Mas o jurado explicou porque ele tirou este 0,1 ponto. É que na hora que estávamos em frente ao módulo dele, não estávamos na parte do samba que havia a bossa. Mas desta vez acho que vai dar certo, vamos conseguir fazer na frente dos jurados porque estamos colocando uma bossa no refrão e uma na cabeça do samba.
Ano passado, nas bossas, as caixas não paravam. Seguiam tocando para dar um chão à escola. E em 2007?
Em 2007 vamos fazer a bossa em cima dos surdos. Na bossa do refrão do meio, vamos fazer um jongo. Na bossa da cabeça do samba, vamos fazer pergunta e resposta de marcação. Ou seja, as caixas continuam tocando, depois vêm primeira, segunda e terceira, duas vezes. Depois volto com a bateria toda de novo. Não é funk não, mas está muito legal. Essa bossa é arriscada. É um pouco longa, mas não vai comprometer a harmonia nem a evolução da escola. Ainda não fizemos no ensaio na Sapucaí, mas acredito que vá marcar a passagem da Portela na avenida.
Mas essa bossa do jongo, como surgiu?
Foi bem antes de setembro. Na verdade, essa bossa, que é meio jongo, meio candomblé, a gente criou para usar nos shows da bateria da Portela. Mas acabamos não usando. Daí, percebemos que ela se encaixava bem no refrão "Medalha de ouro em bateria" e resolvemos usar.
E as liras?
É outra surpresa. As liras vão fazer uma coreografia na avenida. Elas virão atrás dos chocalhos. Quando eu fizer um sinal, elas vão sair dali e vão para a frente da bateria fazer uma coreografia. É uma forma de dar destaque ao instrumento e uma homenagem ao Betinho que foi o mestre que introduziu a lira na Portela. Mas logo depois da homenagem elas voltam à posição incial para não comprometer o deslocamento da bateria.
Elas vêm entre os chocalhos e os tamborins?
Isso. Vêm as cuícas, os chocalhos, as liras e depois os tamborins.
As liras costumam ter umas franjas de enfeite na parte superior, caindo pelas laterais. Você não vai usar?
Não. Elas vêm sem as franjas, mas vamos pôr uns enfeites que não comprometam o equilíbrio da fantasia.
E quantas liras vão desfilar?
Ainda não tenho um número definido. Primeiro estamos estudando a forma como as liras vão fazer a coreografia. Depois que decidirmos isso é que vamos poder definir o número de liras que vão desfilar. No momento, o pessoal das liras está participando de concursos de banda e isso está ocupando muito o tempo deles.
E a batida?
Eu e o maestro responsável por essa parte já definimos que as liras vão solar na primeira do samba. Entrou na segunda do samba, elas param.
Então vão tocar junto com os chocalhos?
É. Só que os chocalhos entram um pouco antes de começar a primeira do samba porque eu dou uma caída com a bateria antes de entrar a primeira. Na segunda do samba os chocalhos descansam e fica o molho das cuícas com os tamborins.
Como vai ser a fantasia em 2007?
Essa parte eu prefiro deixar para o carnavalesco contar. Mas a fantasia é leve.
Coreografia só nas liras?
É. A Portela não tem tradição de paradinha nem de coreografia. A gente já vem fazendo essas bossas e essa homenagem das liras ao Betinho, por causa do julgamento. Mas eu procuro sempre respeitar as tradições portelenses. Na Portela, acho que não fica legal muita coreografia, não. Bateria é para tocar. Tem bateria que fica legal, mas a bateria da Portela ainda está sendo renovada. Tem muita gente das antigas que não se sente bem fazendo coreografia. Não posso colocar um instrumentista com mais de 40 anos de bateria para dançar na avenida. É complicado pedir isso. Vamos renovar, mas sem perder as tradições.
Em que setor da escola a bateria vem?
A direção de carnaval e a de harmonia estão discutindo isso. Ainda não sei.
E o esquenta? Vai de "Portela na Avenida"?
Vai e vamos ter mais um alusivo novo (Nilo canta): "Vamos cantando assim, ôô ôô, a Majestade do Samba chegou, corri pra ver...". Isso está emocionando muito a bateria. Tem gente que diz que está parecendo a bateria de antigamente. Isso é legal porque nosso trabalho está sendo reconhecido pelos medalhões que passam na Sapucaí. Se tudo der certo, a bateria da Portela vai se consagrar na Sapucaí com os 40 pontos. Até o Ciça e o Odilon nos elogiaram.
E como você está sentindo o conjunto da escola?
A escola vai entrar na avenida querendo ser campeã. Nós estamos precisando disso. Eu acredito que ela volta no desfile das campeãs.
Nilo, uma mensagem final aos portelenses.
A Portela nunca vai deixar de vir com garra para o desfile. E a bateria, este ano, vai dar uma mexida forte no desfile. Vamos atrás do Estandarte de Ouro.
FICHA TÉCNICA PARA 2007
Mestre:
Nilo Sérgio
Diretores:
Vinicius Rato (chocalhos), Vinícius Bomba (tamborins), Lói (repique), Van Dame (caixas), Júnior (caixas), Bombeiro (surdos)
Instrumentos: 300
Surdos de primeira: 13; surdos de segunda: 14; surdos de terceira: 16 terceiras; caixas: 110; repiques: 32; tamborins: 40; chocalhos: 40; cuícas: 24; entre outros instrumentos leves
Madrinha da bateria:
Adriana Bombom
Destaque:
Gigante, 14 anos de idade, da escola mirim da Portela Filhos da Águia, vem à frente com Mestre Nilo comandando a bateria
Equipe Portelaweb - 2006
Texto revisado por Fabrício Soares
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