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1948 - Exaltação à Redentora
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20/01/06 19:57
RIO - Equipe Portelaweb
Fábio Pavão


Acervo Portelaweb

Para o carnaval de 1948, o artista Lino Manuel dos Reis preparou o enredo "Exaltação à redentora", ou, simplesmente, "Homenagem à Princesa Isabel". Contaria, dessa forma, a vida e os feitos da regente que assinou a Lei Áurea e libertou definitivamente os escravos do Brasil.

Heptacampeã, a escola de Oswaldo Cruz se preparava para manter sua hegemonia no carnaval carioca. Entre as agremiações inscritas para o desfile, estava a estreante Império Serrano, do Morro da Serrinha, dissidência da tradicional Prazer da Serrinha, que também participaria do concurso.

Cercada de grande expectativa, a Portela entra na avenida cantando um samba composto por Manacéa, que pela primeira vez tinha uma obra sua cantada pela escola. Lino, ajudado por Euzébio e Nilton, explorou os elementos tradicionalmente relacionados ao universo da escravidão.

O ambiente de uma fazenda escravista era apresentado, unidades de produção monoculturistas que foram as principais responsáveis pelo desenvolvimento da nação, tendo como força-motriz o sangue e o suor dos negros. A casa-grande e a senzala, com suas relações de complementariedade tão exploradas pelos estudos acadêmicos das décadas de 30 e 40, eram apresentadas em uma visão popular, de fácil entendimento.

À medida que o desfile avançava, a exaltação à redentora ganhava empatia junto ao público. No fim, mais uma vez ovacionada, a Portela estava credenciada a lutar pelo título, que seria o seu octacampeonato. A tradicional Mangueira, que também deixou a avenida bastante aplaudida, era sua principal adversária, e considerada a única capaz de impedir a façanha portelense.

Contudo, quando terminou a apuração, ocorrida na sede do Instituto de Resseguros do Brasil, no Castelo, o resultado apontou a surpreendente vitória da estreante Império Serrano, ficando a Unidos da Tijuca em segundo, a Portela em terceiro e a Mangueira em quarto.

Um grande polêmica acabava de ser criada. Algumas pessoas afirmam que o resultado verdadeiro indicava a vitória da Mangueira e o vice-campeonato da Portela, mas teria sido alterado por uma manobra de Irênio Delgado, dirigente da jovem escola da Serrinha e que participava da organização do evento. Depois de divulgado ao vivo por Heron Domingues, apresentador do Repórter Esso, que abriu uma edição especial, não havia como voltar atrás, o Império era realmente campeão.

Inconformados com a possível manobra, que nunca foi confirmada ou totalmente desmentida, Natal e os dirigentes da Mangueira romperam com a Federação das Escolas de Samba, acusando a mesma de estar sob o controle de Delgado. A polêmica desse carnaval, infelizmente, não terminou na quarta-feira de cinzas, estendendo-se e deixando seqüelas nos anos seguintes.

O resultado do carnaval de 1948 resultou em coisas até então impensadas. Fazendo surgir uma rivalidade entre as vizinhas Portela e Império Serrano, acabou criando uma antes inimaginável aproximação entre a Portela e a Mangueira, duas tradicionais adversárias que há 15 anos lutavam pela hegemonia no samba carioca.

Equipe Portelaweb - 2002
Texto revisado por Fabrício Soares

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