22/01/06 18:30 RIO - Equipe Portelaweb Fábio Pavão
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Acervo Portelaweb
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Bateria da Portela - 1964
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O sucesso de um minueto apresentado pelo Salgueiro em plena avenida de desfile, no ano anterior, demonstrava que o samba, para protesto de muitos, estava realmente passando por um acelerado processo de transformação.
Para os portelenses, tal ousadia representava uma clara evidência de que a escola tijucana pretendera demonstrar ostentação, e o resultado final comprovava o sucesso da proposta. As avaliações do carnaval de 1963 mostravam a necessidade de a Portela se enquadrar nessas transformações, combatendo ousadia com mais ousadia.
Surgia, assim, a imagem que marcaria o carnaval de 1964, o grupo de "encasacados" que tocava violino à frente da bateria da escola. O grupo, formado por violinistas da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, executava a valsa nupcial, ilustrando o enredo "O Segundo Casamento de D. Pedro I", de autoria do presidente Nelson Andrade, profundo conhecedor das ousadias salgueirenses.
Como era costume na década de 60, o desfile começou atrasado, provocando protesto dos presentes. Apenas às 21:30 a Unidos da Capela pôde abrir o desfile das grandes escolas do carnaval carioca. Um pouco depois da meia-noite, muitos aproveitaram a falta de organização para invadir as já lotadas arquibancadas, armadas na Avenida Presidente Vargas.
Uma nota triste para o samba foi o falecimento de Ary Barroso, faltando cinco minutos para o início do desfile. Oficialmente, os alto-falantes da avenida só anunciaram a morte do grande compositor quando o Império Serrano, que apresentaria o enredo "Aquarela Brasileira", se preparava para iniciar sua apresentação.
Atestando que a popularidade do samba já se fazia sentir no exterior, um grupo de artistas estrangeiros, como Elza Martinelli, Porfírio Rubirosa, Alberto Sordi e outros, incluindo o fotógrafo Willy Rizo, da revista francesa "Paris-Match", assistiu ao desfile trazido pelo ator brasileiro José Lewgoy, que foi jurado nesse carnaval. |
Acervo Portelaweb
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Vilma Nascimento e Benício se apresetando em 1964
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Os 1.200 componentes da Portela entraram na avenida sob grandes aplausos, às 03:20 da madrugada, logo após a apresentação da Aprendizes de Lucas. A polícia, tentando conter o público que insistia em invadir a pista de desfile, atrapalhando a evolução das escolas, travou um violento conflito com os espectadores, fato que não conseguiu tirar o brilho da entrada portelense na avenida.
Mais uma vez, a bateria da Portela foi um show à parte, recebendo calorosos aplausos durante sua apresentação, da mesma forma que o casal de mestre-sala e porta-bandeira da Portela, formado por Benício e Vilma Nascimento, que bailavam ao som do belo samba de Antônio Alves.
Um casal de dançarinos de gafieira, em que a moça era surda-muda, comoveu o público que assistia ao espetáculo. Os jovens passistas da Portela também foram destacados como um dos pontos altos do desfile.
Não obstante a garra dos portelenses, um imenso bolo natural de 3 metros de altura e três colunas, feito por uma confeiteira de Rocha Miranda a um custo de 220.000 cruzeiros, foi a grande sensação do desfile. Os portelenses partiam o enorme bolo e distribuíam durante o desfile para os jornalistas, membros do júri, artistas e populares, numa interação perfeita entre a escola e o público, convidados especiais na festa de casamento que a Portela estava apresentando.
No fim, até Elza Martinelli e Alberto Sordi, com a parca noção de português que possuíam, aclamavam a Portela gritando "já ganhou".
A apuração, realizada na já desaparecida sede antiga do Flamengo, em homenagem a Ary Barroso, apontou a vitória da Portela, um ponto à frente do Salgueiro. Respondendo ousadia com mais ousadia, a
garra portelense fez a diferença e trouxe, pela 17ª vez, o título máximo do carnaval carioca para Oswaldo
Cruz e Madureira.
Portela 1964
Enredo: Segundo casamento de D. Pedro I
Compositores: Antônio Alves
Era desejo de todos
que D. Pedro I
desse ao povo brasileiro
uma nova imperatriz
para ser feliz
embora o jovem imperador
também sonhasse
em conquistar um grande amor
num principado da Europa
a sua esposa mandou buscar
fazendo da princesa Amélia
Imperatriz do Brasil
e companheira do seu lar.
Lá lá lá lá lá lá lá lá lá
No dia do seu casamento
a Ordem da Rosa ele criou
a corte estava engalanada
era um lindo cenário
de raro esplendor
as ilustres personagens
ao par imperial
desde o ato religioso
das alianças e do bolo
a valsa nupcial
a orquestra animava a festa
no salão da corte imperial.
Nã nã nã nã nã nã nã não
nã nã nã nã nã nã nã não
Equipe Portelaweb - 2001
Texto revisado por Fabrício Soares
Texto protegido pelas leis que regem o direito autoral. Proibida a reprodução total ou parcial sem os devidos créditos ou autorização do autor.
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