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1966 - Memórias de um Sargento de Milícias
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22/01/06 18:31
RIO - Equipe Portelaweb
Fábio Pavão


Acervo Portelaweb

O escritor Manuel Antônio de Almeida


O ano de 1966 foi um dos mais trágicos da história recente do Rio de Janeiro. Fortes chuvas castigaram a cidade nas semanas que antecederam o carnaval e causaram enormes danos para a população.

Algumas escolas chegaram a ter suas quadras destruídas pela força das tempestades. Diante do estado de calamidade, algumas pessoas não encontravam motivos para brincar carnaval. Entretanto, o poder público resolveu fazer justamente o contrário, incentivando a folia como forma de suavizar a dor.

Nelson Andrade desenvolveu o enredo da Portela, baseado no livro "Memórias de um Sargento de Milícias", escrito no século XIX por Manuel Antônio de Almeida. Com essa obra, a Portela tentaria conquistar o campeonato que fugira no ano anterior.

Assim como o romance, a Portela retratava um Rio que havia ficado no passado. A história girava em torno de Leonardo, o sargento de milícias, que vivia suas aventuras românticas. O canal do Mangue, então um recanto boêmio, era o cenário onde se desenrolava a trama.

A autoridade policial era representada pelo temível Major Vidigal, outro personagem importante no enredo preparado por Nelson.

Acervo Portelaweb

Paulinho da Viola, autor do samba de 1966



Para concretizar as idéias de Nelson, Nilton Peres e Joacir cuidavam do barracão da escola. O samba fora escrito pelo jovem compositor Paulo César Faria, conhecido pelos amigos como Paulinho da Viola, o primeiro e único samba desse grande mestre da música brasileira que a Portela levou para desfile.

A Portela pisou a passarela já na manhã de segunda-feira. Em seu carro abre-alas, destacava-se uma tabuleta com as inscrições "Era no tempo dos Reis", indicando a volta ao passado que a escola pretendia fazer. Logo em seguida, vinha a comissão de frente e Daise Barbosa, interpretando a personagem Carlota Cristina.

Seguiam-se alegorias que retratavam as três marias-antonietas puxadas por quatro bumbas-meu-boi, uma rua com onze bonecas, as barbeiras, e a figura do "Sargento de Milícias" em tamanho grande. Sem dúvida, a escola mostrava seu enredo de maneira bastante inteligente e feliz, dando um toque azul e branco à obra de Manuel Antônio de Almeida. A potente voz da Jovem intérprete Surica empolgava os componentes e o público. Sob fortes aplausos, a bateria, as baianas e os passistas portelenses deixaram a avenida sonhando com mais um campeonato. A apresentação não deixava dúvidas de que a Portela era forte candidata ao título.

Quando os envelopes foram abertos, uma apuração disputada apontou a vitória da Portela com 130 pontos, apenas um à frente da Mangueira. A festa em Oswaldo Cruz podia começar.

Prejudicada pelas chuvas que castigaram a cidade, a Império da Tijuca desfilou de maneira simbólica, como homenagem ao governo e ao povo do Rio de Janeiro, agradecendo à Associação das Escolas de Samba e às escolas co-irmãs pela solidariedade prestada. Como reconhecimento pelas dificuldades enfrentadas, a agremiação não foi rebaixada de grupo.

Era o décimo-oitavo título da Portela.

Portela1966
Enredo: Memórias de um sargento de milícias
Compositores: Paulinho da Viola

Era no tempo do rei
Quando aqui chegou
Um modesto casal
Feliz pelo recente amor
Leonardo, tornando-se meirinho
Deu a Maria Hortaliça um novo lar
Um pouco de conforto e de carinho
Dessa união nasceu um lindo varão
Que recebeu o mesmo nome de seu pai
Personagem central da história
Que contamos neste carnaval
Mas um dia Maria
Fez a Leonardo uma ingratidão
Mostrando que não era uma boa companheira
Provocou a separação
Foi assim que o padrinho passou
A ser do menino tutor
A quem deu imensa dedicação
Sofrendo uma grande desilusão
Outra figura importante de sua vida
Foi a comadre parteira popular
Diziam que benzia de quebranto
A beata mais famosa do lugar
Havia nesse tempo aqui no Rio
Tipos que devemos mencionar
Chico Juca era mestre em valentia
E por todos se fazia respeitar
O reverendo, amante da cigana
Preso pelo Vidigal, o justiceiro
Homem de grande autoridade
Que à frente dos seus granadeiros
Era temido pelo povo da cidade
Luizinha, primeiro amor
Que Leonardo conheceu
E que dona Maria
A outro como esposa concedeu
Somente foi feliz
Quando José Manuel morreu
Nosso herói outra vez se apaixonou
Quando sua viola a mulata Vidinha
Esta singela modinha contou:
Se os meus suspiros pudessem
Aos seus ouvidos chegar
Verias que uma paixão
Tem poder de assassinar

Equipe Portelaweb - 2003
Texto revisado por Fabrício Soares

Texto protegido pelas leis que regem o direito autoral. Proibida a reprodução total ou parcial sem os devidos créditos ou autorização do autor.


Carnaval de 1966
Desfile da 1966. Dia 20 de fevereiro na Candelária. Participaram 10 escolas de samba. A Portela venceu com 130 pontos. Enredo: "Memórias de um Sargento de Milícias". Quesitos avaliados por 10 julgadores: Bateria, Harmonia e Melodia; Fantasias; Bandeira e Comissão de Frente; Enredo e Letra do Samba; Evolução e Conjunto; Alegoria; e Desfile. Os quesitos Bateria, Harmonia e Melodia foram julgados por apenas um jurado que deu notas separadas a cada um deles. O Quesito Bandeira foi julgado pela última vez e o Quesito Desfile valia de 1 a 5 pontos.
Fonte: Memória do Carnaval, Riotur, 1991
 
Fatos&Fotos; Fatos&Fotos;
Miriam Salgado: destaque de chão

Samba show



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