Se antes os horrores da guerra estavam distantes dos sambistas, o ano de 1943 trouxe para o Brasil os pesadelos que atormentavam a Europa.
O afundamento de navios brasileiros, creditado à ação de submarinos alemães, motivou a declaração de guerra do Brasil aos países do eixo. Entre os náufragos que sobreviveram aos ataques, estava um jovem que viria a ser um dos maiores compositores de todos os tempos: o imperiano Silas de Oliveira.
Diante dessa situação, muitos achavam que não haveria clima para o carnaval. Das principais entidades carnavalescas do período, somente as emergentes escolas de samba desfilaram. Assim mesmo, tiveram que se enquadrar no chamado "esforço de guerra".
Apenas 10 agremiações, atendendo a um pedido de D. Darcy Vargas, participaram de um desfile que aconteceu no Estádio de São Januário, palco dos principais eventos políticos do governo Vargas, no dia 24 de janeiro de 1943.
No desfile propriamente dito, organizado pela União Nacional dos Estudantes e pela Liga de Defesa Nacional, a Portela apresentou o enredo "Carnaval de guerra". Chamava atenção a alegoria que era formada por uma vaca com bandeiras cravadas em seu corpo. A vaca representava os países do eixo - Alemanha, Itália e Japão - e o impacto da imagem, criada por Lino, Euzébio e Nilton, mereceu grande destaque.
O samba "Brasil, terra da liberdade", de Nilson e Alvaiada, mostrava-se totalmente favorável à entrada do país no conflito.
A comissão julgadora, formada por Guimarães Machado, Maurício Vinhais, Benedito Calheiros Bomfim, Nourival Pereira e Luiz Gonzaga, avaliou os quesitos samba, harmonia, bateria, bandeira e enredo.
A Portela, mais uma vez, sagrou-se campeã. Como prêmio, recebeu das mãos do general João Marcelino Pereira e Silva, vice-presidente da comissão executiva da Liga de Defesa Nacional, a importância de $500.
Era o quinto título da Portela. O terceiro dos sete anos de glória. Nem os horrores da guerra conseguiam apagar o brilho da Portela, que se consolidava como a principal escola do carnaval carioca.
Brasil terra de liberdade
Autores: Nilson e Alvaiade
Democracia
Palavra que nos traz felicidade
Pois lutaremos
Para honrar a nossa liberdade
Brasil, oh! meu Brasil!
Unidas nações aliadas
Para o front eu vou de coração
Abaixo o Eixo
Eles amolecem o queixo
Equipe Portelaweb - 2002
Texto revisado por Fabrício Soares
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