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1973 - Pasárgada, o Amigo do Rei
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27/01/06 08:29
RIO - Equipe Portelaweb
Fábio Pavão


Acervo Portelaweb

Mulatas da Portela - 1973



Para comemorar meio século de existência, a Portela resolveu contar na avenida o poema "Vou-me embora pra Pasárgada", do falecido poeta Manuel Bandeira, fazendo uma alusão a sua própria história.

Chovia muito no centro do Rio de Janeiro, mas o público se manteve fiel e aguardou ansioso pela entrada da Portela. O velho Natal, sempre acompanhado pelo médico, comandava a apresentação da escola, que tinha Clara Nunes e Zé Kétti como mestres-de-cerimônia.

O departamento cultural da Portela, sob liderança do médico e pesquisador Hiram Araújo, contou com uma verba de 1 milhão de cruzeiros para apresentar a obra do imortal Manuel Bandeira, e o fez dividindo o enredo em três quadros:

1º Quadro: O mundo infantil - Com 300 crianças brincando de carrossel, roda-gigante, escorrega e tudo que um bom parque de diversões possui.

2º Quadro: A transição - Representando o mundo adulto do poeta, de sua juventude no Recife e
prolongando-se até São Paulo, reconstituindo as obras e as cidades de seu tempo.

3º Quadro: O reino de pasárgada - Poesias e sonhos, cheio de flores e pássaros como o poeta sonhou.

O samba de David Correa, o primeiro vencido por este grande compositor, conseguia, de uma maneira bastante feliz, unir a história cinqüentenária da Portela ao poema de Manuel Bandeira.

À frente da Águia, símbolo máximo da escola, um grupo de 15 mulatas abria o desfile da Portela. Ainda nesse primeiro setor, Vilma Nascimento e Benício personificavam a Rainha e o Rei de Pasárgada, abrindo alas para os 3.000 componentes que a Portela levou para a Avenida Presidente Vargas.

Dos carros que a Portela apresentou, um parque de diversões rodeado de crianças foi o que mais sucesso fez junto ao público. Também chamaram atenção uma sereia rodeada de peixes e objetos do mar e um carro que representava um arco-íris.

As três partes do enredo estavam divididas por portões. A escola contava ainda com o auxílio de adereços, alegorias de mão, estandartes e bastões. Tudo para facilitar a leitura do enredo pelo público e pelos jurados. No final, 50 velinhas faziam referência ao jubileu da Portela.

Contando com a participação de grandes artistas da música e importantes nomes do esporte brasileiro, destacava-se a presença da socialite Odile Rubirosa, o que provocou imediatos protestos daqueles que se posicionavam contrários às transformações por que o samba estava passando.

Apesar da beleza do enredo e da emoção pelos 50 anos de sua fundação, o resultado não foi o esperado por todos. A bateria, com sérios problemas, talvez prejudicada pela chuva que insistia em cair durante a apresentação da escola, atravessou durante o desfile, comprometendo a evolução e a harmonia da Portela.

A Portela ficou com a 4ª colocação, obtendo um total de 53 pontos:

Notas obtidas pela Portela no carnaval de 1973:

Alegorias 5
Bateria 5
Comissão de Frente 5
Concentração 5
Cronometragem 5
Enredo 5
Evolução e Conjunto 3
Fantasias 4
Harmonia 3
Letra do Samba de Enredo 5
Melodia 3
Mestre-Sala e Porta-Bandeira 5

Portela 1973
Enredo: Pasárgada, O Amigo do Rei
Compositor: David Correa


Ao embarcar na ilusão
Senti palpitar meu coração

Na passarela um reino surgia
Quanta alegria
Desembarquei feliz
Tudo era fascinante
Nesse mundo pequenino
Até relembrei os dias
Do meu tempo de menino

Nas brincadeiras de roda
Rodei pelo mundo afora

Neste reino azul
Tem tudo que desejei

Auê, auê, auê eu sei
Eu sei que sou o amigo do rei

Nas ondas do mar caminhei
No azul do céu eu voei

Lá vem ela na avenida
Cinqüentenária tão florida
Portela, ô Portela !
Na vida és a Pasárgada mais bela

Acervo Portelaweb

Manuel Bandeira, autor do poema "Vou-me embora pra Pasárgada", que inspirou o enredo de 1973 da Portela



VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA
Poema de Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro bravo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito à beira do rio
Mando chamar a mãe-dágua.
Pra me contar histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóides à vontade
Tem prostitutas bonitas
Pra gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Equipe Portelaweb - 2001
Texto revisado por Fabrício Soares

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