As alegorias seguintes trouxeram as naus espanholas e portuguesas e as gaiolas, como era chamado o transporte marítimo usado na Ilha de Marajó. A cultura, a história e o folclore se misturavam na homenagem portelense.
Apesar da excelente evolução, a Portela foi prejudicada pela desorganização do desfile. A escola atravessou, assim como praticamente todas as demais agremiações.
Mesmo com os problemas, o belo desfile da Portela a credenciava ao título. As pretensões da escola eram respaldadas pelo Estandarte de Ouro, que premiava a Portela como melhor escola, e pelo júri da rede de televisão que cobria o desfile, que também apontava a escola de Oswaldo Cruz como favorita à conquista do campeonato.
Entretanto, o resultado oficial apontou como campeã a Beija-Flor, até então uma pequena escola do município de Nilópolis, com 122 pontos. O 2º lugar ficou com a Estação Primeira de Mangueira, com 116 pontos; e a Mocidade Independente de Padre Miguel, com 116 pontos, em terceiro. A Portela ficaria apenas com a quarta colocação, totalizando 108 pontos.
Das 14 escolas que participaram do interminável desfile de 1976, quatro acabaram rebaixadas para os grupos inferiores.
Carnaval de 1976 – O Homem do Pacoval
FICHA TÉCNICA
1) Enredo:
a) Autoria – Departamento de Carnaval
b) Texto e Desenvolvimento: Hiram Araújo
c) Pesquisa – Maurício de Assis e João Ramos Pacheco
2) Figurinos – Alegorias - Adereços: Yarema Ostrog
3) Planejamento - Comissão de Carnaval
a) Integrantes: Hiram Araújo, Yarema Ostrog, João Ramos Pacheco, Paulinho da Harmonia, Deusdeth, Maurício Amorim, Pedro, Toninho, Ismael, Aluízio, Nilton, Adilson, Carlos Lemos, Pederneiras, Nésio, Walfler, Expedito, Pedro Paulo e Ido.
RESUMO DO ENREDO
1ª parte: O IMPÉRIO DOS ARUANS
Há milênios e milênios atrás, os Aruans, completando uma caminhada migratória fantástica, chegaram a MARAJÓ. De onde vieram, discute-se. Para uns, partiram de outro continente. Da Ásia, se supõe. Navegando pelo oceano Pacífico ou atravessando por terra o Estreito de Behring. Para outros saíram do próprio continente americano. Do Peru, do México ou da América do Norte.
O certo é que, em tempos imemoriais, chegaram à ilha de Marajó e deitaram raízes. Quando desapareceram, também não se pode precisar quando, deixaram enterrados em Pacoval um lastro, os restos arqueológicos e um legado à arte Marajoara.
No desenvolvimento do enredo mostramos a história daquele povo maravilhoso, culturalmente evoluído, suas divisões tribais, suas crenças, seus costumes. As alas representam as tribos, cujos nomes refletem os acidentes geográficos onde se localizavam. Os destaques, as autoridades, as divindades. Assim veremos: o Deus-Sol, criador da natureza; a Deusa Ioni, a Deusa-Mãe-Tanga, ministradora da fertilidade, dos campos, dos animais e dos homens; Atauan, supremo governante, o último imperador dos Aruans; a Iara que canta e seduz nos lagos e igapós.
2ª parte: A INVASÃO
Nessa parte procuramos mostrar o período predatório da ilha. Marajó exercia uma fascinação, um encanto todo particular. Corriam lendas de existência de riquezas e tesouros em suas terras. Cantavam-na como um verdadeiro eldorado. Por isso, aportaram em suas terras franceses, ingleses, espanhóis e holandeses, mesmo antes da colonização portuguesa.
Os destaques representam os almirantes das diversas nacionalidades em suas naus. As alas, os marinheiros e piratas. E também os nativos da ilha, os indígenas.
3ª parte: A COLONIZAÇÃO
É a história da colonização portuguesa. Os destaques representam: El Rei Afonso VI, que dividiu a ilha em donatários. Nobres e damas que contribuíram para o progresso da ilha como Dona Micaela Arcanjo Ferreira, a primeira mulher posseira da ilha, Dona Catarina de Palma, mulher de rara beleza e que grande impulso deu a Breves. As alas fantasiam a corte, a guarda de honra e os escravos que foram introduzidos na ilha para o trabalho braçal.
4ª parte: MARAJÓ DE HOJE
É o epílogo. A terra fértil, de flora e fauna riquíssimas. Das plantações e das criações de gado. Dos tipos regionais e dos folguedos típicos como o Boi-Bumbá. Alas e destaques simbolizam todo esse sincretismo maravilhoso, dos Aruans, dos brancos e dos negros.
A pororoca fantástica e dos búfalos bem característicos da ilha vêm representados na abertura do tema. Alegorias e adereços procuram fixar pontos básicos do enredo, principalmente no que se refere à arte marajoara.
BIBLIOGRAFIA DO ENREDO
1) Negros na Amazônia – Vicente Salles;
2) Prehistória Brasileira – Aníbal Mattos;
3) Les Français em Amazônia – Henry Condreau
4) D. João III e os Franceses – Manuel Emílio Gomes Carvalho;
5) Fundação do Maranhão e do Grão-Pará – José Ribeiro do Amaral;
6) Maurício de Nassau, o Brasileiro – Vicente Themudo Lessa;
7) Noções de História do Brasil – Jorge Hurley;
8) Prehistória Americana – Jorge Hurley;
9) Morengueta – Nunes Pereira;
10) A Ilha de Marajó – Nunes Pereira;
11) O Homem do Pacoval – Raymundo de Morais;
12) Na Planície Amazônica – Raymundo de Morais;
13) No País das Pedras Verdes – Raymundo de Moraes;
14) Expedição do Rio Acará-Falcão – Manuel Sebastião Mello Marinho;
15) O Ciclo do Ouro Negro – Viana Mog;
16) Viagem Filosófica – Alexandre Rodrigues;
17) Antiga Produção e Exportação do Pará – Manuel Barata;
18) Jesuítas no Grão-Pará – Padre Lucio Azevedo;
19) História do Brasil – Rocha Pombo;
20) Figurino de Fardamentos Militares;
21) Livro Mestre do Registro Geral;
22) Enciclopédia Delta Larousse;
23) Enciclopédia da Amazônia;
24) Enciclopédia dos Municípios Brasileiros;
25) Documentos do Arquivo Nacional;
26) Documentos do Museu Imperial;
27) Sala de Relíquias do Patrimônio Nacional;
28) Apostilas, estudos e teses do professor Aroldo Proenza;
29) Introdução à Arqueologia Brasileira – Angione Costa;
30) A Mata Submersa e outras Histórias da Amazônia – Peregrino Junior;
31) A Amazônia Misteriosa – Gastão Cruls;
32) Terra Verde – Adauto Fernandes;
33) Estórias e Lendas dos Índios – Herbert Baldus;
34) Ressuscitados – Raymundo de Morais;
35) Belém – Correia Pinto;
36) Aluvião – Raymundo de Morais;
37) Império Verde da Amazônia – Venturelli Sobrinho.
O HOMEM DO PACOVAL
A FANTÁSTICA E MISTERIOSA ILHA DE MARAJÓ
Encravado no estuário amazônico, Marajó, cerca de 48 mil km2 maior que a Dinamarca, Suíça e Bélgica, palco de fenômenos naturais extraordinários como a “pororoca” e de mistérios como os achados arqueológicos do “Pacoval” é o tema da Portela para o carnaval de 1976.
No lago ARARI situado na parte oriental de Marajó – cerca de 30 km de norte a sul – emerge a pequena Ilha de Pacoval (ou colina ou monte como outros chamam), valioso MOUND-BUILDERS (cemitério artificial indígena), de evidente construção artificial, na qual achados arqueológicos indicam que, em tempos imemoriais, existiu uma civilização culturalmente evoluída e que desapareceu, deixando como lastro a MARAVILHOSA ARTE MARAJOARA. O povo marajoara, sua história, de tempos imemoriais aos tempos de hoje, é enquadrado genericamente com o nome de O HOMEM DO PACOVAL.
1ª PARTE – O IMPÉRIO DOS ARUANS (a pré-história)
Nossa história começa em tempos longínquos, em eras imemoriais, quando numa fantástica caminhada migratória uma gente evoluída alcançou MARAJÓ.
Sobre a proveniência de tal gente, mongolóide, abre-se mil opiniões. Os antropologistas polarizam-se a respeito do berço desse povo, que uns julgam egresso do Mediterrâneo, outros do fundo asiático, no Pacífico, e ainda outros do próprio continente americano. As correntes marinhas, Gulf Stream e Kuro-Sivo, naquele e neste oceano, transportaram as levas migratórias. E essas levam geraram a hipótese das GRANDES CIVILIZAÇÕES MEXICANAS e PERUANAS terem vindo de fora, não obstante existam afirmativas de que da AMÉRICA irradiou a ciência, a arte, a religião (tabus e totens) e predicados culturais.
ESTRANGEIRA ou NACIONAL a civilização Marajoara reponta num simples documento: A LOUÇA. Examinado esse documento pelos arqueólogos afloram, nas imagens decorativas da ceramista (a olheira de todos os povos do mundo foi a mulher) alegorias, signos, gregas, frisos, metaimes, caracteres simbólicos. As milhares de peças de argila equivalem pois a um GRANDE LIVRO DE BARRO. Nesse livro, no entanto, a artista que o enfeitou só evoca a beleza adventícia paragens estranhas, hábitos, costumes, navios, guarnições, armadas, completamente desconhecidas entre os pobres remadores de UBÁS, na ILHA DE MARAJÓ. Não era possível à olheira do VAREJÃO imaginar barcos, velas, tripulantes idênticos aos fenícios e cartagineses, egípcios e romanos sem os ter visto.
Examinando o rastro do ARUAN por Ferreira Pena, Hartt, Derby, Barbosa Rodrigues, Couto de Magalhães e Ehrenreich verificaram que, de parte, o CARAÍBA, cujo vestígio se encontrava no pavor da Maloca de outras tribos, ele era um dos mais bravios do vale. Além dessas características de coragem e desprezo pela morte foi também o mais adiantado nas artes plásticas.
Exímio ceramista, esse atributo lhe dava, sem dúvida, a mais viva ascendência aborígene, porque à superioridade do olheiro, circunscrevem-se vários requisitos astrológicos, teogônicos, geográficos denunciados na decoração das peças, gregas, frisos, metaimes, emblemas, além do molde às vezes em forma de bicho e monstro, emprestavam ao HOMEM DO PACOVAL raros dotes de superioridade mental.
Tudo isso, no entanto, como é óbvio, gira no terreno indutivo e dedutivo da exegese científica. Presumem, adivinham, suspeitam porque, de fato, só existem traços fugidios da vida do ARUAN. A prova são os achados arqueológicos.
Dentro do sentido que os americanos dão ao MOUND-BUILDERS, cemitérios de indígenas edificados em camadas superpostas, de pedra e terra ou somente de um desses materiais, nos quais se encontram restos humanos e o material de sílex ou cerâmica que essas tribos enterravam com seus mortos, não se pode incluir outros lugares onde existem vestígios da mesma natureza deixados pelos HOMENS PRIMITIVOS senão em MARAJÓ. E lá somente o PACOVAL, apresenta essa morfologia exata porque, além de aproximar-se de certos MOUND-BUILDERS americanos, iguala-se-lhes também na conformação exterior, onde talvez se descubra como naqueles a evidência de uma idéia religiosa. O MOUND do Pacoval tem uma arquitetura simbólica sob a forma de jabuti, segundo ilustra o desenho da Ladislau Neto, no 6º volume dos arquivos do Museu Nacional, publicado em 1885. Potes, bacias, ídolos e urnas funerárias predominam entre os achados, também uma série de maracás ou chocalhos.
Os indígenas acreditavam que quando era agitado o maracá, falava um espírito. Seguramente o Maracá era um ídolo pois HARTI afirma que alguns ídolos de MARAGA e TAPERIUBA eram maracás. Ferreira Pena nas escavações que procedeu em 1871 encontrou em PACOVAL abundante quantidade de maracás cheios de pedras. Sampaio chama a esses objetos de maracás simbólicos, de uso religioso. Pena localiza-se entre os poucos objetos ligados por esse povo ao seu totemismo incipiente. Aos ARUANS atribui Ferreira Pena a posse ou autoria do PACOVAL. Se hipótese do ilustre naturalista se confirma em referência a essa tribo do tronco ARUAK, é lícito filiar-se o traço de cultura que na necrópole de ARARI se testemunha a civilização dos povos de DARIEU e AMÉRICA CENTRAL ou mais diretamente aos da Flórida e vale do Mississipi, por intermédio das Antilhas, diz Sampaio, mas ainda nada se pode dizer nesse campo da antropologia.
Raimundo de Morais afirma: por sua vez as nações alpestres aborígenes, depois de mesclados ao advenso agresso do fundo do Pacífico, vindo provavelmente da China, da Polinésia, da Oceânia saltavam a crista dos Andes e desciam rumo do levante em busca dessa paradoxal montanha que é a planura aluvial do DEPARTAMENTO de LORETO. Vinham sem dúvidas acossados por massas humanas mais fortes. Cegas, avançavam rumo da arena deslumbrante em que as raças bárbaras se davam um rendez-vous de sangue. De tais baixadas pelo flanco da Cordilheira originou-se a opinião discutível por certo de que o HOMEM DO PACOVAL fora ANDO-PERUANO. O gênio navegador do ARUAN, seu espírito marinho, sua visão naval, abertos à claridade do oceano atritou-se com a inteligência do homem da bruma, do céu fosco, da terra alta, cheia de pendores e abismos, de vulcões e arrepios sísmicos. Em vez, no entanto, das hordas que se encontravam no vale se unirem e confraternizarem, hostilizavam-se, esfrangalhavam-se, tornando a bacia MEDITERRÂNEA um campo agromante.
Os Aruans viveram em Marajó e, segundo estudiosos, representam a semente do HOMEM DO PACOVAL. Lá, à semelhança dos INCAS, ASTECAS, MAIAS, erigiram uma civilização, o IMPÉRIO dos ARUANS. Como se apresenta, em nossa imaginação, o portentoso império dos Aruans?
A gente evoluída formava a grandiosa nação dos Aruans. ATAUAN, o último imperador Aruan, governava da colina sagrada do Pacoval seu povo. O deus sol protegia a todos (sem dúvidas a lenda marajoara do Deus-Sol está ligada às lendas incas de Viracocha, o Deus-Sol; é também uma réplica das grandes civilizações tropicais, China, Índia, Peru, México, os chamados filhos do calor). Dos aspectos litúrgicos lembramos: Jurupari, duende meio desmoralizado, tanto ou mais que o nosso DIABO, o BELZEBU dos ARUANS, era festejado em cerimônias especiais: a festa do JURUPARI. O CAIPORA, que presidia o destino dos animais na floresta também participava do ritual religioso, bem como a UIARA que presidia os destinos da vida aquática superintendendo o mundo dos peixes, a que canta e seduz nos lagos e igapós era entidade temida por suas seduções enganadoras.
IONI, a deusa-mãe-tanga, ministradora de fertilidade e dos campos, dos animais e dos homens, na teogonia doa aruans gerava e protegia as espécies.
A existência dessa crença – a deusa Ioni – oriunda de outras plagas, se deve à descoberta das tangas de barro nas igaçabas do pacoval.
Em toda terra do Novo Mundo só a companheira do HOMEM DO PACOVAL em MARAJÓ fazia uso da tanga de barro, embora no MISSISSIPI e noutros rios da América do Norte existissem os famosos MOUND-BUILDERS que são conforme se traduz “os fazedores de cemitérios em colinas artificiais”. Isso levou sem dúvida o notável americanista alagoano a abrir o inquérito sobre a função religiosa da tanga, que ele foi encontrar depois de robusta pesquisa geográfica na ÍNDIA como oferenda litúrgica a Deusa IONI, propicia a maternidade. Reproduzindo o divino triângulo do ORIENTE a tanga de barro de Marajó surge talvez dentro do mesmo rito, da mesma devoção praticada na Índia.
Marajó, a maior planície paletnográfica da planície amazônica, é portadora desse misterioso milenar, a fantástica civilização dos ARUANS.
2ª PARTE – A INVASÃO
Cobiçada e cortejada de tempos imemoriais, Marajó, sempre uma atração, continuou seduzindo povos de outros continentes. Franceses, Ingleses, Holandeses e Espanhóis lá chegaram à procura de tesouros e riquezas.
Numa réplica aos ancestrais milenares (a cerâmica deixou gravada figuras de tripulantes, barcos, velas idênticos aos fenícios, cartagineses, egípcios e romanos) os nativos da ILHA viram chegar ás suas terras, por volta do século XV-XVI almirantes e piratas que de suas galeras espreitavam o eldorado tão desejado.
3ª PARTE – A COLONIZAÇÃO
E chegaram os colonizadores portugueses.
O ciclo histórico da ilha é rico e variado.
A ilha de Marajó, primitivamente chamada a Ilha Grande de JOANNES, foi criada capitania e concedida donataria de juro e herdada pelo Rei Afonso VI ao seu secretário de estado, Antonio de Souza Macedo, por carta de doação de 23 de dezembro de 1665 (arquivo de Torre de Tombo, chancelaria doações de D. Afonso VI) o donatário tomou posse dela, por seu procurador, em 2 de setembro de 1666. Ao filho de Antônio de Souza Macedo deu, o mesmo D. Afonso VI, o título de Barão da Ilha Grande de Joannes, por carta mercê de 27 de setembro de 1666.
Em 29 de abril de 1754 foi extinta a donataria e reunida a capitania aos bens da coroa e fazenda real, sendo dado a Luiz de Souza Macedo (Neto) o 4º donatário da ilha e 3º Barão, que também foi o último na posse da capitania e baronia, o título de Visconde de Mesquitela, em lugar de BARÃO DA ILHA GRANDE.
Antes de 1845 estabeleceu-se em terrenos do Rio Marajó, que então fazia parte do DISTRITO de CHAVES, dona MICAELA ARCANJO FERREIRA, ocupando uma posse de terra que denominou SANTO ANTÔNIO. Em 1869, em torno da casa daquela posseira já existiam muitas barracas, pelo fato de ser o local apropriado para um porto e ponto de passagem cômodos para quem saía ou entrava para o grande estuário amazônico.
Foi MICAELA quem doou Para o patrimônio de NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO terreno que começava no igarapé divisa do Rio Marajó. Dona Micaela foi a primeira mulher posseira da Ilha. Rica senhora, dona de escravos, engenhos e currais foi um nome importante na história da Ilha.
Outra mulher de importância para a Ilha foi CATARINA de PALMA, filha de Manuel Breves Fernandes, que após a sua morte doou em testamento à filha a importante sesmaria de BREVES.
Em BREVES é que existem os fantásticos FUROS de BREVES, labirintos extraordinários de mil fios ligados entre os flancos de Marajó e rochas do continente e que foi tecido pela ação intermitente das águas, pelo dinâmico trabalho do rio.
Segundo constam nos livros, Catarina de palma era dotada de rara beleza.
Uma nobre de grande importância na Ilha de Palma era dotada de rara beleza, escrava de toda Marajó. Por seu tratamento humano conseguia algo quase impossível: conciliar o trabalho dos escravos com o dos índios. Em terras do Sr. CALIXTO o tratamento humano dispensado aos escravos dava um aspecto diferente àquela fazenda. Todos os domingos o Sr. CALIXTO reunia sua família e em companhia dos escravos percorria toda a ilha num séqüito enorme em roupas de fstas. À noite, as terras do Sr. CALIXTO viravam um grande terreiro festivo onde os escravos cantavam e dançavam ao som dos atabaques.
4ª PARTE – MARAJÓ DE HOJE
E assim se conta a história de Marajó, terra verde, de flora e fauna riquíssimas. Cortada de ponta a ponta por rios caudalosos e que durante um período do ano submerge quase dois terços, dando uma visão de uma Veneza brasileira. Marajó dos búfalos e das boiadas, das festas como o boi-bumbá e das ceramistas habilidosas. Ilha encantada na qual o caboclo, tal um predestinado, espera algo novo daquele solo fértil e mágico. Algo diferente que fez MACUNAÍMA, herói de nossa gente, no epílogo de sua odisséia matutar ainda na dúvida se virava constelação ou permanecia por aqui: “Então Macunaíma não achou mais graça nesta terra. CAPEI bem nova reluneava lá na Jupiara do céu. Macunaíma cismou inda indeciso, sem saber se ia morar no céu ou na Ilha de Marajó.”
Pois é essa fantástica Ilha que pretendemos mostrar na avenida, “único lugar do Brasil em que ficaram traços de uma civilização superior”.
Este trabalho é uma homenagem ao gênio investivo de Mario de Andrade, que ano passado nos emprestou MACUNAÍMA para enredo e nos possibilitou partir para “O Homem do Pacoval” e ao nosso querido e inesquecível NATAL, comandante eterno da PORTELA, mais que nunca presente em nossos corações.
ORDEM DO DESFILE
Carro Abre-Alas – Águia – Igaçabas – Ornatos Marajoaras – Comissão de Frente – Sacerdotisas dos Templos Aruans
A Pororoca – Grupo Abre-Alas
Búfalos – Adereços
Ildo Fernandes – ALA BIGODE DO NOZINHO – Filhos do Sol
Destaque João – O Deus-Sol
Estandartes – Estandartes – Estandartes
Maurício da Araújo Mattos – ALA DOS ESTUDANTES – Tribo dos Mocoões
Adelino Fernando Cabral Dolmada – ALA AQUARIUS – Tribo dos Atuás
Alegoria – O Deus-Sol
Estandartes – Estandartes – Estandartes
Gerson dos Santos Daniel – ALA ALÔ, ALÔ MADUREIRA – Tribo dos Mapuás
Armenio Jaco Teixeira – ALA DOS FIDALGOS – Tribo Arapixis
Ubirajara Dias Lopes – ALA DOS EMBRASADOS – Tribos Os Ganhões
Destaque Didi – Atauan, Imperador dos Aruans
Estandartes – Estandartes – Estandartes
Sergio Aiub – ALA JOVEM FLU – Tribo Anajás
Osni do Nascimento – ALA DOS UNIVERSITÁRIOS – Tribo Aramás
Destaque Milu – Imperatriz dos Aruans
Shirley e Sueli – Princesas
Otacílio Ferreira – ALA DA CALÇADA – Tribo Guajarás
Laerte Pereira – ALA MIL – Tribo Moirins
Destaque Paulete – Deusa Ioni (Mãe-Tanga)
Estandartes – Estandartes – Estandartes
Manoel Correa Lopes – ALA FORÇA JOVEM – Adoradores da Deusa Ioni
Deusa Mãe-Tanga (Ioni) – Adereço
Jorge Amaral – ALA MARAVILHA – Tribo Afuas
Ireane Costa dos Reis – ALA HARMONIA – Tribo Anabipis
Destaque Sila – Uiara
Estandartes – Estandartes – Estandartes
Clemilda Roza Lopes – ALA CARMEM MIRANDA – Tribo Mapuás
Gilberto Martins de Aguiar – ALA AMIGOS DO SAMBA – Tribo Atuas
Destaque – Djalma S. Santos – Belzebu, o Rei do Mal (Jurupari)
Jacira e Sandra – Sacerdotisas
Estandartes – Estandartes – Estandartes
Nezio do Nascimento – ALA DO DONGA – Festa do Jurupari
Destaque Bililiu – Almirante Francês
Nau Francesa
Estandartes – Estandartes – Estandartes
Geraldo da Conceição – ALA CORAÇÕES UNIDOS – Corsários – Índias
Gracelina Maria da Silva – ALA BOA AMIZADE – Indígenas
Destaque Marcelino – Almirante Holandês
Nau Holandesa
Estandartes – Estandartes – Estandartes
Mauro Tinoco de Rezende – ALA CHOVA OU FAÇA SOL – Corsários – Índias
Luis Carlos de Oliveira – ALA ESSA É DIFERENTE – Indígenas
Destaque Jorge da Hora – Almirante Inglês
Nau Inglesa
Estandartes – Estandartes – Estandartes
Elza Fernandes Vilela ALA CARINHOSA – Corsários – Índias
Waldir Costa – ALA DO CHINA – Indígenas
Destaque Henrique Ferraz – Almirante Espanhol
Nau Espanhola
Estandartes – Estandartes – Estandartes
Sergio Vargas de Santana – ALA MOCOTÓ – Corsário – Índias
Sebastião Lopes Durreal – ALA TEMA E AVANÇO – Indígenas
Destaque Dudu – Almirante Português
Nau Portuguesa
Estandartes – Estandartes – Estandartes
José Eugênio Silva – ALA DOS SUPREMOS – Corsários – Índias
Paulo Simões – ALA CONJUNTO GUANABARINOS – Indígenas
Carlos Alberto de Souza – ALA CAPRICHOSOS – Piratas
Expedito Silva – ALA ACADÊMICOS – Indígenas
Destaque Bolinha e Odília – El Rei Afonso VI e Rainha
Estandartes – Estandartes – Estandartes
Sebastião Santos Oliveira – ALA GUANABARINOS – Barbeiros do rei
Rufino – ALA PRÍNCIPES DEZ MAIS – Arautos
Destaques Pedrinho e Wanda – Nobre Sr. Calixto e Senhora
Estandartes – Estandartes – Estandartes
Edson Moreira de Souza Santos – ALA DOS IMPOSSÍVEIS – Damas e Cavalheiros da Corte
Beraldo Alves – ALA DOS CADETES – Colonizadores
Destaque Vilma – Catarina de Palma
Estandartes – Estandartes – Estandartes
Tijolo – ALA DAS CRIANÇAS
Destaque Naná – Dona Inês de Souza
Tereza e Ivone – Damas Nobres
Estandartes – Estandartes – Estandartes
Jair José dos Santos – ALA DRAGÕES DA ARISTICRACIA – Colonizadores
Edson Nery dos Santos – ALA SEGREDO – Colonizadores
Destaque Zélia – Dona Micaela Arcanjo
Marcília e Jurema – Damas Nobres
Estandartes – Estandartes – Estandartes
Geraldo Constantino – ALA KABULETES – Servos
Armando Santos – ALA VELHA GUARDA
Alegoria Mistura de Raças
Estandartes – Estandartes – Estandartes
Adilson Martins Pacheco – ALA DO CONDE – Pescadores
Wladimir Pereira da Silva – ALA GUIA DE OURO – Plantadores
Destaque Mauro – O Caapora
Luiz Paulo Coelho – ALA VAI COMO PODE – Flora e Fauna
Marina Campos Góes – ALA NITERÓI – Vaqueiros (Festejos)
Walfler Silva – ALA DAS NOVIDADES – Boi-Bumbá
Alegoria – O Gaiola
Estandartes – Estandartes – Estandartes
Pedro Paulo Amaral – ALA MACUNAÍMA – Arte Marajoara
ALA DAS BAIANAS
Ídolos – Totens – Ornatos Marajoaras - Adereços
Enredo: O Homem do Pacoval
Compositores: Noca, Colombo e Edir
Voando nas asas da poesia
A Portela em euforia
Vive um mundo de ilusão
E vem cantar
Os mistérios da Ilha de Marajó,
Uma história que fascina
Vem do alto da colina
Do Pacoval
Sob o poder
De Atauan
O seu povo evoluído
Nas crenças, costumes e tradições
E o Deus Sol
Era figura de grandeza
A mãe tanga a pureza
Era símbolo da vida dos Aruans
Belzebú, o Rei do mal
Era festejado
Em cerimônia especial
Iara que seduzia
Pela magia do seu cantar
E os Aruans que felizes viviam
Não há explicação pro seu silenciar
O seu tesouro foi a causa
da Invasão
Mas os tempos se passaram
Veio a colonização
Viveram neste recanto de beleza
Catarina de Palma e outros mais
Terra abençoada pela natureza
Com seus encantos tradicionais
Vaquejada, boi-bumbá
Vem o gaiola
Vou viajar
Equipe Portelaweb - 2001
Revisão de texto: Fabrício Soares
Fonte (material adicional): Revista "Portela 76 - 53 Anos de Samba"
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