Acervo Portelaweb
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Paulinho da Viola, autor do samba de 1966
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Para concretizar as idéias de Nelson, Nilton Peres e Joacir cuidavam do barracão da escola. O samba fora escrito pelo jovem compositor Paulo César Faria, conhecido pelos amigos como Paulinho da Viola, o primeiro e único samba desse grande mestre da música brasileira que a Portela levou para desfile.
A Portela pisou a passarela já na manhã de segunda-feira. Em seu carro abre-alas, destacava-se uma tabuleta com as inscrições "Era no tempo dos Reis", indicando a volta ao passado que a escola pretendia fazer. Logo em seguida, vinha a comissão de frente e Daise Barbosa, interpretando a personagem Carlota Cristina.
Seguiam-se alegorias que retratavam as três marias-antonietas puxadas por quatro bumbas-meu-boi, uma rua com onze bonecas, as barbeiras, e a figura do "Sargento de Milícias" em tamanho grande. Sem dúvida, a escola mostrava seu enredo de maneira bastante inteligente e feliz, dando um toque azul e branco à obra de Manuel Antônio de Almeida. A potente voz da Jovem intérprete Surica empolgava os componentes e o público. Sob fortes aplausos, a bateria, as baianas e os passistas portelenses deixaram a avenida sonhando com mais um campeonato. A apresentação não deixava dúvidas de que a Portela era forte candidata ao título.
Quando os envelopes foram abertos, uma apuração disputada apontou a vitória da Portela com 130 pontos, apenas um à frente da Mangueira. A festa em Oswaldo Cruz podia começar.
Prejudicada pelas chuvas que castigaram a cidade, a Império da Tijuca desfilou de maneira simbólica, como homenagem ao governo e ao povo do Rio de Janeiro, agradecendo à Associação das Escolas de Samba e às escolas co-irmãs pela solidariedade prestada. Como reconhecimento pelas dificuldades enfrentadas, a agremiação não foi rebaixada de grupo.
Era o décimo-oitavo título da Portela.
Portela1966
Enredo: Memórias de um sargento de milícias
Compositores: Paulinho da Viola
Era no tempo do rei
Quando aqui chegou
Um modesto casal
Feliz pelo recente amor
Leonardo, tornando-se meirinho
Deu a Maria Hortaliça um novo lar
Um pouco de conforto e de carinho
Dessa união nasceu um lindo varão
Que recebeu o mesmo nome de seu pai
Personagem central da história
Que contamos neste carnaval
Mas um dia Maria
Fez a Leonardo uma ingratidão
Mostrando que não era uma boa companheira
Provocou a separação
Foi assim que o padrinho passou
A ser do menino tutor
A quem deu imensa dedicação
Sofrendo uma grande desilusão
Outra figura importante de sua vida
Foi a comadre parteira popular
Diziam que benzia de quebranto
A beata mais famosa do lugar
Havia nesse tempo aqui no Rio
Tipos que devemos mencionar
Chico Juca era mestre em valentia
E por todos se fazia respeitar
O reverendo, amante da cigana
Preso pelo Vidigal, o justiceiro
Homem de grande autoridade
Que à frente dos seus granadeiros
Era temido pelo povo da cidade
Luizinha, primeiro amor
Que Leonardo conheceu
E que dona Maria
A outro como esposa concedeu
Somente foi feliz
Quando José Manuel morreu
Nosso herói outra vez se apaixonou
Quando sua viola a mulata Vidinha
Esta singela modinha contou:
Se os meus suspiros pudessem
Aos seus ouvidos chegar
Verias que uma paixão
Tem poder de assassinar
Equipe Portelaweb - 2003
Texto revisado por Fabrício Soares
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